1.1 Segundo e terceiro século depois de Cristo
Apesar
de não haver base bíblica para a mudança da guarda do sábado para o domingo,
alguns dizem que esta mudança foi feita pelos pais da igreja e já que eles
foram discípulos dos apóstolos ou viveram bem perto dos apóstolos e por eles
terem guardado o domingo devemos hoje guarda-lo também.
Alguns
argumentam que os pais da igreja guardavam o domingo com tanta firmeza que dá a
entender que todos os pais da igreja guardavam este dia, mas a realidade não é
essa. Além disto deveremos primeiro pensar “o que é mais importante a bíblia ou
a declaração de alguns pais da igreja?” se a bíblia fala que devemos guardar o
sábado então pouco importa o que alguns pais da igreja falaram. As suas cartas
devem apenas ter valor histórico de como era o ponto de vista de algumas pessoas
próxima dos apóstolos e não como regra de fé. Se formos levar como regra de fé
tudo o que os pais da igreja falavam então teremos grandes problemas, pois
tiveram pais da igreja que disseram que nem seus defensores seguem.
Mesmo tendo sido homens piedosos
em suas épocas, não podemos fazer de tais homens nossa autoridade final em
assuntos doutrinários. Isso por que “Antes, importa obedecer a Deus do que
aos homens.” (At 5:29).
Veja no que alguns dos pais da
igreja acreditavam e conclua por si mesmo se, em matéria de doutrina, eles são
confiáveis 100%. As informações a seguir foram extraídas do
livro Subtilezas do Erro (1981):
Inácio dizia que se torna
assassino quem não jejua no sábado; defende a transubstanciação, considerando
herege quem admite apenas o simbolismo da santa ceia e exalta demais a
autoridade do bispo, pondo-a acima da de César, chegando ao cúmulo de afirmar
que, quem não o consulta, segue a satanás.
Barnabé (se é que existiu
tal personagem), diz que a lebre muda a cada ano o lugar da concepção, que a
hiena muda de sexo anualmente, e a doninha concebe pela boca. Afirma que Abraão
conhecia o alfabeto grego (séculos antes que tal alfabeto existisse) e
alegoriza a Bíblia.
Justino ensinava, entre outros absurdos, que os anjos
do céu comem maná e que Deus, no princípio do mundo, deu o sol para ser
adorado.
Clemente de
Alexandria sustenta que os gregos se salvam pela sua sabedoria; afirma que
Abraão era sábio em astronomia e aritmética e que Platão era profeta
evangélico.
Tertuliano diz regozijar-se
com os sofrimentos dos ímpios no inferno. Afirma que os animais oram. Defende o
purgatório e a oração pelos mortos.
Eusébio era ariano (negava a
Divindade de Cristo)
Irineu quer que as almas,
separadas do corpo, tenham mãos e pés. Defende a supremacia de Roma, alegando
que a igreja tem mais autoridade que a Palavra de Deus. Defende ardorosamente o
purgatório.
Tais homens são as autoridades
doutrinárias dos observadores do domingo, caro leitor! Pasmem! Não foi por
acaso que Adam Clarck, comentarista evangélico, disse sobre eles: “Em
ponto de doutrina a autoridade deles é, a meu ver, nula” – Clarkes’s
Commentary, on Proverbs 8.
Contudo,
as mais antigas menções sobre o sábado e o domingo foram feitas por Inácio de
Antioquia; Plinio, um governador romano da Bitínia e a didaquê antes deles
ainda no primeiro século temos a carta de Clemente, bispo de Roma, que é datada
aproximadamente no ano de 95 d.C. ela é o documento mais antigo do cristianismo
depois da bíblia e lá ele dedica quatro capítulos ao tema da ressurreição e em
nenhum momento ele faz referência ao culto no domingo ou uma possível troca do
dia de guarda.
Inácio
de Antioquia escreveu uma epistola ao magnesianos na Ásia Menor, na qual
advertia a esses cristãos contra uma variedade extrema de práticas judaizantes.
Em magnesianos 9:1, ele fala de “não mais sabatizando, mas vivendo de acordo
com ‘o do senhor’, no qual também nossa esperança tem nele surgido”. A frase
tem sido frequentemente interpretada como “não mais guardando o sábado, mas
vivendo de acordo com o dia do senhor [domingo]”. A palavra dia não aparece não
consta no original grego. Em vez de adicionar a palavra dia também podemos
adicionar a palavra “vida”, que daria tradução: “vivendo de acordo com a vida do
senhor”. Esta ultima construção parece ser mais adequado, levando-se em conta o
fato de que nela (ou por ela) “nossa esperança ressurgi nEle [Cristo].
Já
a expressão sabatizar se levarmos em conta o contexto de que ele estava fazendo
referência aos profetas do antigo testamento (8.2-9.1) veremos que ele estava
mais tratando de uma maneira de viver que de dias de adoração.
Uma
carta do governador romano Plinio ao imperador romano Trajano, em 112 d.C. fala
das práticas dos cristãos da Bitínia. Alguns desses cristãos haviam apostatado
e, quando interrogados por Plinio sobre as crenças e práticas judaicas mais
antigas, mostraram que a extensão do erro deles era que antes de nascer o sol
em um “dia determinado” (ou fixo) eles encontravam e cantavam hinos a Cristo
como a um Deus (cartas, 10.96). Essa pratica parece mais uma celebração anual
do dia da ressurreição que a observância de um sábado ou domingo semanal.
Um
manual de instrução intitulado Didaquê, que data talvez do começo do segundo
século, insiste, em seu capitulo 14, que conforme o [dia] do senhor” deviam
reunir-se, partir o pão e celebrar a eucaristia. Esse texto tem sido
interpretado como fazendo referência à celebração semanal do domingo, à Pascoa
anual ou ao sábado do sétimo dia. Mas o texto pode dar uma interpretação
diferente que parece ser mais viável que seria: “conforme a instrução do
senhor” trocando instrução (mandamento ou doutrina) no lugar de “dia” que não
está no original grego.
Aos
poucos os cristãos começaram a fazer uma releitura dos textos bíblicos de forma
alegórica tentando tirar um sentido espiritual que os textos não falam e reduz
a importância do sábado. O documento que possivelmente foi escrito por Barnabé
de Alexandria entre 130 a 138 d.C. diz:
“Não
são os sábados atuais que me agradam, mas aquele que eu fiz e no qual, depois
de ter levado todas as coisas ao repouso, farei o início do oitavo dia, isto é,
o começo de outro mundo. Eis por que celebramos como festa o oitavo dia, no
qual Jesus ressuscitou dos mortos e, depois de se manifestar, subiu aos Céus.”
Barnabé
tenta extrair um sentido alegórico do texto e torna o seu documento meio
ambíguo, pois não diz se os cristãos já guardavam o domingo (o oitavo dia) ou
deveriam guarda-lo.
O
Cristianismo cresceu muito e aos poucos começou a se paganizar e desta forma que
o culto mitraista ao Deus sol começou a penetrar no cristianismo e se fundir
com suas crenças. Justino de Roma registra que os cristãos em uma determinada
cidade faziam culto aos domingos (dia do sol) e faz a ligação do dia dedicado
ao Deus Sol, a criação e o dia da ressurreição. Ele escreveu:
“No dia que se chama do Sol, celebra-se uma
reunião de todos os que moram nas cidades ou nos campos, e aí se leem, enquanto
o tempo o permite, as memorias dos apóstolos ou escritos dos profetas. [...]
Celebramos essa reunião geral no dia do Sol, porque foi o primeiro dia em que
Deus, transformando as trevas e a matéria, fez o mundo, e também o dia em que
Jesus Cristo, nosso salvador, ressuscitou dos mortos. Com efeito, sabe-se que o
Crucificaram um dia antes do dia de saturno e no dia seguinte ao de Saturno,
que é o dia do sol, ele apareceu a seus apóstolos e discípulos, e nos ensinou
essas mesmas doutrinas que estamos expondo para seu exame.”
Justino
apenas faz menção a pratica de uma única cidade de se fazer o culto nos
domingos, o que não impede desta mesma cidade realizar culto e guardar o dia de
sábado ou da guarda do sábado em outras cidades.
Outro
fator que também influenciou a mudança da guarda do sábado para o domingo foi o
espirito “ante Judaizante” e as perseguições aos judeus o que fez os cristãos
da época tentar se diferenciar deles, pois, o cristianismo no seu início era
tratado como uma seita judaica. Desta forma, eles aos poucos foram deixando
praticas que eram comuns a ambas religiões inclusive o sábado.
Já
próximo do fim do segundo século, Clemente de Alexandria critica o sábado e
favoreceu o primeiro dia da semana. Ele é o primeiro pai da igreja a chamar o
domingo semanal de “o dia do Senhor”. Contudo ele expressa apenas a sua opinião
sobre o assunto o que não comprova que esta mesma era uma opinião de todos os
cristãos da época.
Irineu
de Gaul que também viveu no final do segundo século aplica a expressão “o dia
do Senhor” para o domingo de pascoa o que mostra que a opinião de Clemente não
era universal e comum a todos os cristãos da época.
Duas
outras fontes apócrifas também menciona a expressão “o dia do Senhor” que são:
o evangelho de Pedro que fala da ressureição de Jesus ocorrendo no dia do
Senhor, mas não menciona nenhuma guarda semanal ou anual sobre este dia e
também o livro de atos de João que fala que João não jejuava no sétimo dia por
ser “o dia do Senhor”, ou seja, ele dá a entender que o dia de sábado é o dia
do Senhor mencionado pelo mesmo João no livro de apocalipse.
No
terceiro século não existia tanta discursão sobre o sábado e o domingo e o
domingo passou a ser observado numa base semanal. Contudo, existiam discursões
sobre se o tratamento que era dado ao sábado também deveria ser dado ao
domingo.
Hipólito
de Roma era contra jejuar em dia de sábado, pois isso faria deste dia um dia de
tristeza. Como em Roma nunca se jejuava nos domingos ele também procurava essa
prerrogativa para o sábado.
No
norte da África, Tertuliano, contemporâneo de Hipólito, no princípio possuía
uma atitude contra os observadores do sábado, mas depois mudou de opinião e
também foi contra o jejum no sábado.(contra Marcião, 4.12, 30, sobre o jejum,
14)
Podemos
concluir que, tanto em Roma quanto no Norte da África, o sábado não havia
desaparecido por completo. A ausência da polemica no restante da cristandade
evidencia que, se a observância do domingo existia, não interferia na guarda do
sábado.
1.2 Quarto a Sexto
século depois de Cristo
O
quarto século foi marcado pela conversão de Constantino ao cristianismo em 312
d.C. Constantino era um grande defensor do culto ao deus Sol. Moedas cunhada
durante ao seu governo, 315 d.C., traziam sua própria estampa de um lado e a do
“Sol Invicto Comiti” (dedicado ao sol invencível) do outro.
O
cristianismo para de ser perseguido e torna-se a religião oficial de Roma.
Contudo, a paganização torna-se mais forte que anteriormente.
Cipriano de Cartago que morreu em
258 ele escreveu: "Ó, quão maravilhosamente agiu Providência que naquele
dia em que o Sol nasceu ... Cristo deveria nascer"
João Crisóstomo (347- 407
d.C.) “Mas nosso Senhor, também, nasce no mês
de dezembro... Os oito antes das calendas
de janeiro [25 de dezembro]..., Mas eles chamam
de 'Aniversário do Invicto'. Quem de fato é
tão invencível como Nosso Senhor...? Ou, se eles dizem que
é o aniversário do Sol, Ele é o Sol da Justiça"
No século IV, o Papa Leão Magno
oficializou a sobreposição-substituição de uma festa por outra conforme está
registrado num documento chamado Depositio martyrum de 336 d.C
Podemos perceber que antes de
Constantino as comparações entre Jesus e o Sol invictus já existiam e se
tornaram tão frequentes que colocaram o dia do nascimento de Jesus no mesmo dia
do sol invictus.
Diante destas possíveis
semelhanças em relação ao nascimento de Cristo (que alguns cristão aceitavam) e
o dia da ressurreição de Jesus ter acontecido no domingo dia de adoração ao
Deus Sol além das discursões dos séculos anteriores sobre o tratamento do
sábado com o domingo, tornou-se fácil para Constantino ligar o mitraismo
(adoração ao deus sol) com o cristianismo pela troca da guarda do sábado para o
domingo dia do deus sol.
Constantino faz essa ligação das
duas religiões promulgando o edito dominical no dia 7 de março de 321 que
dizia:
“Que todos os juízes, e todos os habitantes da
cidade, e todos os mercadores e artífices descansem no venerável dia
do Sol. Não obstante, atendam os lavradores com plena liberdade
ao cultivo dos campos; visto acontecer amiúde que nenhum outro dia é tão
adequado à semeadura do grão ou ao plantio da vinha; daí o não
se dever deixar passar o tempo favorável concedido pelo céu”
Este edito
dominical faltou orientações cristã, pois se refere ao domingo como o dia do
sol. Além disso Constantino não tomara por base o sábado bíblico, porque
permite o trabalho no campo. Somente em 386 d.C. os imperadores Teodósio I e
Graciano Valentiniano proibiram litigio e pagamento de dívida pública ou
privada no domingo. Os soberanos seguintes tornaram a guarda do domingo ainda
mais rígida com o intuito de sabatizar o domingo.
A mais
antiga lei eclesiástica conhecida que rejeita a observância do sábado e o
substitui pela guarda do domingo vem do concilio regional de Laudiceia por
volta de 364 d.C. em seu Cânon 29 estipulava: “Os cristãos não devem judaizar
nem permanecer ociosos no sábado, mas sim trabalhar nesse dia. O dia do senhor
(domingo), porém, deve ser por eles especialmente honrado. Se forem,
entretanto, encontrados judaizando, serão desligados de Cristo”.
Entretanto,
não passa de concilio regional que não demonstrava o interesse de todos os
cristãos e ainda mais se eles tiveram tanto trabalho em decretar isto, então
existia uma grande quantidade de cristãos que guardavam o sábado como é
descrito na bíblia.
Porem
podemos perceber que este cânone não influencio muito os cristãos da época pois
uma compilação do 4 século chamada de constituições Apostólica afirma: “deixem
os escravos trabalhar cinco dias; mas no sétimo dia (sábado) e a festa do dia
do senhor (domingo); porque no primeiro é o monumento da criação; e o segundo
da ressurreição” (7.23)
Ainda no 4 século
Inácio aconselhou: “Que cada um guarde o sábado de uma forma espiritual, que se
alegrem na meditação da lei. E depois de observar o sábado, observe cada amigo
de Cristo o dia do senhor como uma festa, o dia da ressurreição, a rainha e a
cabeça de todos os dias.”
Logo
podemos concluir que no quarto século existiam cristãos que guardavam tanto o
sábado como também o domingo e que a guardadores do sábado eram muito numerosos
e por alguns eles eram considerados como judaizantes que possivelmente eram
tratados desta forma devido ao espirito antijudaico que alguns cristãos dos
primeiros séculos possuíam.
No 5 século
João Cassiano (360-435) escreveu que existiam cultos tanto no sábado quanto no
domingo e que conhecia um monge que não jejuava nestes dias (instituições 5.26;
3.2; conferencias 3.1)
Outro pai
da igreja que se mostrou favorável foi Asterio de Amasea, por volta de 400 ele
escreveu que era sublime para os cristãos que “ambos os dias ocorressem juntos”
–“o sábado e o dia do Senhor” – reunindo o povo a cada semana com sacerdotes
como seus instrutores (homilia, 5, sobre Mateus 19:3)
Agostinho
(354-430), bispo de hipona, no norte da África tratou da controvérsia do jejum
no sábado em várias cartas (epistolas, 36 [a Casulano], 54 [ Januarrio], e 82 [
a jerônimo]). Nas cartas a Casulano e Januario, observou que a grande igreja
cristã de Milão não observava o jejum sabático (36.32 e 54.3, repectivamente)
Agostinho deixou claro, também,
que o jejum no sábado se restringia a Roma e a alguns outros lugares no
ocidente (36.27). As igrejas do oriente e a “maior parte da cristandade” não
seguiam essa pratica (82.14)
Sócrates Escolasticos (380-440
d.C.) escreveu: “embora praticamente todas as igrejas do mundo celebrem os
sagrados mistérios (santa ceia) no sábado, todas as semanas as igrejas cristãs
de Alexandria e Roma, por conta de algumas tradições antigas deixaram de
faze-lo” (história eclesiástica, 5.22)
Sozomen, contemporâneo de
Sócrates, escreveu: “o povo de Constantinopla e praticamente todos os demais
lugares se reúne no sábado, bem como no primeiro dia da semana, costume esse
nunca observado em Roma ou Alexandria” (historia Eclesiastica, 7.19)
É importante lembrar que estas
duas cidades se opuseram a guarda do sábado já no segundo século.
No sexto século várias medidas
foram tomadas contra o sábado e a favor do domingo. Em 538 d.C. o terceiro
Sinodo de Orleans proibiu Trabalhos rurais no domingo para o povo ter condição
de ir para igreja adorar (hefele, 4:209). O segundo Sinodo de Macon, em 585, e
o concilio e Narbona, em 589, decretaram outras estipulações ainda mais
restritivas acerca da observância do domingo (ibid, 407,422). As leis de Macon
também foram pulicadas em 10 de novembro de 585 pelo rei Gutram, sob forma de
decreto estipulando uma cuidadosa observância do domingo.” (ibid., 409).
No fim do sexto século o domingo
havia tomado o lugar do sábado em quase toda Europa como dia de adoração.
Desta forma podemos compreender
que apesar de alguns pais da igreja se opuserem a guarda do sábado outros
também era a favor dele e até o final do sexto século os guardadores do sábado
eram numerosos e por causa da paganização, espirito antijudaico vários editos e
decreto foram feitos para reduzir a importância do sábado e aumentar a do
domingo o que resultou inicialmente na guarda dos dois dias e posteriormente a
observância quase absoluta da cristandade do domingo no lugar no sábado.
1.3 Mudança de ênfase
A
igreja católica apostólica romana tradicionalmente reconhecia ter mudado a
celebração do sábado para o domingo e virtude de sua autoridade
eclesiástico-apostólica. Por exemplo, Tomas de Aquino esclareceu em “Suma
Teológica” (1265 – 1273) que, “na nova lei, a observância do domingo substituiu
à do sábado, não em virtude da lei, mas em virtude da determinação da igreja e
do costume do povo cristão”.
A
confissão de augsburgo (1530), um dos mais importantes documentos luteranos,
faz alusão às pretensões católicas de autoridade para transferir a santidade do
sábado para o domingo. O documento declara:
“
Alegam o sábado, que foi mudado para o domingo, contrariamente ao Decálogo,
como parece. Nenhum exemplo é mais enfatizado que a mudança do sábado.
Contendem que é grande a autoridade da igreja, pois dispensou de um preceito do
Decálogo.”
O
Catcismo romano (baseada na vversão de 1566) confirma que “a igreja de Deus,
porém, achou conveniente transferir para o domingo a solene celebração do
sábado”. De forma semelhante, The
convert’s Catechism of Catholic Doctrine (1930) apresenta a mudança do
sábado para o domingo nos seguintes termos:
P.
Qual é o Terceiro Mandamento?
R.
O Terceiro Mandamento é: Lembra-te de Santificar o dia do sábado.
P.
Que dia é o sábado?
R.
O sábado é o sétimo dia.
P.
Por que observamos o domingo em vez do sábado?
R.
Observamos o domingo em vez do sábado porque a igreja Católica transferiu-o a
solenidade do sábado para o domingo.
P.
Por que a igreja católica instituiu o domingo em lugar do sábado?
R.
A igreja instituiu o domingo em lugar do sábado porque Cristo ressuscitou dos
mortos num domingo, e o Espirito Santo desceu sobre os apóstolos num domingo.
P.
Por qual autoridade a igreja instituiu o domingo em lugar do sábado?
R.
A Igreja instituiu o domingo em lugar do sábado pela plenitude daquele poder
divino que jesus Cristo lhe concedeu.
Recentemente
a Igreja Católica Apostólica Romana publica publicou dois documentos oficiais
importantes construídos alegoricamente e tipologicamente sobre os textos
bíblicos do sábado.
Um
dos documentos é o Catecismo da Igreja Católica (1992) que diz:
“Jesus ressuscitou dentre os mortos
‘no primeiro dia da semana’ (Mc 16,2). Enquanto ‘primeiro dia’, o dia da
ressurreição de Cristo lrmbra a primeira criação. Enquanto ‘oitavo dia’, que
segue o sábado, significa a nova criação inaugurada com a ressurreição de
Cristo. Para os cristãos, ele se tornou o primeiro de todos os dias, a primeira
de todas as festas,o dia do Senhor (‘Hé kyriaké hemera’, ‘dies Dminica’), o
‘domingo’.
Considerando o domingo “plenitude
do sábado’, o mesmo catecismo argumenta:
“O domingo se distingue expressamente do sábado, ao
qual sucede cronologicamente, a cada semana, e cja prescrição ritual substitui,
para os cristãos. Leva à plenitude, na pascoa de Cristo, a verdade espiritual
do sábado judeu e anuncia o repouso eterno do homem em Deus. Pois o culto da
lei preparava o ministério de Cristo e o que nele se praticava prefigurava de
alguma forma, algum aspecto de Cristo.
A celebração do domingo observa a prescrição moral
naturalmente inscrita no coração do homem de ‘prestar a Deus um culto exterior,
visível, público e regular sob o signo de seu benefício universal para com os
homens’. O culto dominical cumpre o preceito moral da Antiga aliança, cujo
ritmo e espirito retoma ao celebrar cada semana o Criador e o redentor de seu
povo.”
Outro documento importante é a
Carta Apostólica Dies Domini (1998), que chega mesmo a considerar o sábado bíblico
como prefigurando o domingo católico. Com base em joão 1:3(“tudo começou a
existir por meio dele”) a carta argumenta:
“O
domingo, segundo a experiência cristã, é sobretudo uma festa pascoal,
totalmente iluminada pela gloria de Cristo ressuscitado. É a celebração da
“nova criação”. [...]
Portanto, já na aurora da criação, o designio de Deus
implicava esta ‘missão cósmica” de Cristo. Esta perspectiva cristocêntrica, que
se estende sobre todo o arco do tempo, estava sua obra, “abençoou o sétimo dia
e santificou-o” 9Gn 2,3). Nascia então – segundo o autor sacerdotal da primeira
narração bíblica da criação – o “sábado”, que caracterizava profundamente a
primeira Aliança e, de algum modo, preanuncia o dia sagrado da nova e
definitiva Aliança. O mesmo tema do “repouso de Deus” (cf. Gn 2,2) e do repouso
por Ele oferecia ao povo Êxodo, com o ingresso na terra prometida (cf. Ex
33,14; Dt 2,20; Js 21,44; Sl 95[94],11), é relido no Novo Testamento sob uma
luz nova, a do “repouso sabático” definitivo (cf. Hb 4,9) onde entrou Cristo
com a sua ressurreição e também o povo de Deus é chamado a entrar, perseverando
na senda da sua obediência filial (4,3-16 [sic]). É necessário, portanto, reler
a grande página da criação e aprofundar a teologia do “sábado”, para chegar à
plena compreensão do domingo.”
Os
argumentos usados tanto no catecismo da
igreja Católica quanto na Carta
Apostólica Dies Domini Para construir uma suposta “teologia bíblica” do
domingo são artificiais e incorrem no engano da “falsa analogia”, na qual uma
coisa (no caso, o sábado) é usada para provar outra (no caso, o Domingo).
Comtal flexibilidade hermenêutica, a Bíblia fica exposta às mais variadas
interpretações possíveis. Consequentemente, esse tipo de interpretação é
inadequado àqueles que aceitam a Bíblia como sua própria interprete.
bibliografia:
Bíblia de estudo Andrews
O sábado na bíblia
Tratado de teologia Adventista
http://gilbertotheiss.blogspot.com.br/2012/07/duvida-como-entender-lucas-1616-lei-e.html
http://www.infoescola.com/historia/codigo-de-hamurabi/
A.
H. Strong, Systematic
Theology, pág. 408,409
http://novotempo.com/namiradaverdade/o-argumento-fracassado-dos-observadores-do-domingo-%E2%80%93-apocalipse-110-parte-1/