quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

13- Andando na escuridão



Objetivo: Cativar as pessoas a estudarem a bíblia

Há alguns anos atrás, quando ainda trabalhava como instrutor para Senai, fui enviando para uma cidade chamada Damião que fica a aproximadamente 4h e 30min de ônibus de João pessoa. Durante a minha primeira semana lá faltou energia em toda a cidade, era lua nova (o que tornava a noite mais escura) e o local onde eu dormia não havia velas. Pela primeira vez na vida, vi trevas tão densas que quase podia toca-las. Eu era estrangeiro naquela cidade e estava em escuridão total, mas consegui ligar para um aluno, pouco tempo antes do sinal dos celulares caírem (o sinal só retornou dois dias depois), e ele me trouxe uma vela que iluminou até energia retorna.

Não sei se alguns de vocês já experimentaram a sensação de não enxergar nada ao seu redor por algumas horas como eu, mas quem já passou sabe o quanto horrível é essa sensação de escuridão total. Se apenas poucos momentos na escuridão são horríveis imaginem aqueles que passaram a vida inteira na escuridão? Não só na escuridão do mundo físico, mas do espiritual.
  No livro de João (8:12) está escrito: ‘ Falando novamente ao povo, Jesus disse: "Eu sou a luz do mundo. Quem me segue, nunca andará em trevas, mas terá a luz da vida"’. É muito importante conhecemos as circunstancias em que Jesus disse isso. No capítulo 7 (vs 1-3) diz que Jesus estava na festa das cabanas.
  A festa das cabanas incluía cerimônias espetaculares que simbolizavam temas múltiplos: colheita, seca, a escuridão iminente do inverno, a peregrinação no deserto depois do êxodo. Quatro suportes, cada um contendo quatro tigelas douradas, eram colocadas no pátio das mulheres, que era bastante frequentado. As tigelas, grandes e cheias de óleo, iluminavam o local durante a festa.
No último dia da festa das cabanas, Jesus estava ensinando na tesouraria, localizada no pátio das mulheres. Foi nesse cenário, entre as 16 tigelas de óleo acesas que Jesus se identificou como a verdadeira luz do mundo. Além disso, Jesus tinha acabado de dizer a mulher pega em adultério “vai-te, e não peques mais.” (João 8:11). Jesus estava dizendo que Ele era maior que aquelas luzes e quem o seguise não andaria nas trevas do pecado, mas receberia a luz da vida.
Contudo, Jesus também nos compara com a luz, em Mc 16: 14-16 ele diz: “Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte; Nem se acende a candeia e se coloca debaixo do alqueire, mas no velador, e dá luz a todos que estão na casa. Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus”.
No tempo de Jesus utilizava-se pequenas lampadas feitas de argilas que possuiam um pavio encharcado de azeite de oliva. Essas lampadas eram colocadas em um local estrategico de forma que iluminasse toda a casa que normalmente tinha apenas um ou dois comodos. Da mesma forma que as lampadas eram colocadas em um lugar que iluminasse o maximo, Deus também nos coloca em lugares estragicos para iluminarmos a maior quantidade possiveis de pessoas, levando-as para Jesus e dessa forma elas encontraram a luz da vida.
Com o objetivo de fazerem todos encontrarem a luz da vida, Jesus nos deu a ordem que se encontra em Mc 16:15: “E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura”. Essa é a nossa missão, nosso dever e deve ser a razão da nossa existencia.
Pouco antes de subir aos céus, Jesus falou: “Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da terra” (Atos 1:8).  Devemos pregar o evangelho a toda a criatura e sermos as testemunhas de Jesus por todo o mundo. Porém o que é ser uma testemunha?
As testemunhas atestam a veracidade de algo que eles presenciaram, elas confirmam se um fato realmente aconteceu e dizem se algo é verdadeiro ou não. Jesus falando com os fariseus disse: Examinais as Escrituras, porque vós cuidais ter nelas a vida eterna, e são elas que de mim testificam” (João 5:39). Ele estava dizendo “as escrituras falam de mim, mas vocês não me reconhecem”.
Jesus ao falar com os saduceus disse: “ Errais, não conhecendo as Escrituras, nem o poder de Deus” (Mt 22:29). Os saduceus só aceitavam como obrigatórias apenas as leis baseadas diretamente no texto do pentateuco. Isso fazia com que eles despresassem os outros livros. Entretanto, podemos tirar uma lição importante desse texto: devemos estudar as escricrituras. Como vimos anteriormente, elas falam de Jesus, mas como seremos textemunhas de dEle e a luz do mundo se não estudamos a bíblia?
Para que possamos ser testemunhas de Jesus é preciso conhece-lo e para conhece-lo, precisamos conhecer as escrituras. Devemos estudar as sagradas escrituras para não acontecer o que está escrito em Oséias 4:6: ” O meu povo foi destruído, porque lhe faltou o conhecimento; porque tu rejeitaste o conhecimento, também eu te rejeitarei, para que não sejas sacerdote diante de mim; e, visto que te esqueceste da lei do teu Deus, também eu me esquecerei de teus filhos”. É nosso dever buscar conhecimento, estudar a bíblia e conhecer as escrituras, pois elas falam de Jesus.
Outro motivo pelo qual devemos estudar a bíblia está em I Pe 3:15: “Antes, santificai ao Senhor Deus em vossos corações; e estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em vós,” (1 Pedro 3:15).
É nossa obrigação está sempre preparados para responder a qualquer um que pedir a razão da nossa esperança. Será que estamos preparados para isso? Será que podemos dizer “pode vim qualquer pergunta que respondo? ”. Se alguém fizesse as seguintes perguntas vocês saberiam responde?

1º Por que a bíblia evangélica não possui a mesma quantidade de livros da católica?
2º Por que vocês não batizam pelos mortos já que em I Co 15:29 diz: “Doutra maneira, que farão os que se batizam pelos mortos, se absolutamente os mortos não ressuscitam? Por que se batizam eles então pelos mortos?”
3º Por que vocês não acreditam na predestinação tendo Paulo falado o seguinte: “Mas, ó homem, quem és tu, que a Deus replicas? Porventura a coisa formada dirá ao que a formou: Por que me fizeste assim?  Ou não tem o oleiro poder sobre o barro, para da mesma massa fazer um vaso para honra e outro para desonra?” (Rm 9: 20,21).

  Essas pessoas também são filhas de Deus que precisam ouvir a verdade e Deus vendo esses seus filhos faz a mesma pergunta que fez ao profeta Isaias: “A quem enviarei, e quem há de ir por nós? Então disse eu: Eis-me aqui, envia-me a mim” (Isaías 6:8). Como poderemos responder as mesmas palavras de Isaias se não conhecemos as escrituras? É preciso estuda-la, conhecê-la para levar o evangelho a todo mundo inclusive a essas pessoas.
  Acho interessante que alguns não estudam a bíblia e dizem que o Espirito Santo vai dar a resposta nos momentos em que eles forem questionados, mas não é bem assim que as coisas funcionam. Vejamos o que Jesus fala sobre isso em João 14:26: “Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito” (João 14:26).
  O Espirito Santo fará lembrar, mas para fazer lembrar é necessario que se estude primeiro. Através dos seus estudos o espirito santo vai ensina-lo guiando-o nas suas pesquisas, contudo nos momentos de dificuldades só lembraremos se já tivermos estudado sobre o assunto. E deixar para responder outro dia pode fazer aquela alma se perder para sempre.
  Portanto, o estudo das escrituras sacradas são de suma importancia para levar o evangelho a todo mundo e devemos ter em mente que para sermos a luz do mundo e as temunhas de Cristo nessa terra é nossa obrigação conhecer as escrituras, pois elas falam de Jesus e para darmos razão da nossa fé a quem nos pergunta para assim também trazé-los para aquele que é a fonte da vida e a luz do mundo.
  Para concluirmos o sermão peço as irmãos que abram a bíblia em Hb 11:13-16: “Todos estes morreram na fé, sem terem recebido as promessas; mas vendo-as de longe, e crendo-as e abraçando-as, confessaram que eram estrangeiros e peregrinos na terra. Porque, os que isto dizem, claramente mostram que buscam uma pátria. E se, na verdade, se lembrassem daquela de onde haviam saído, teriam oportunidade de tornar. Mas agora desejam uma melhor, isto é, a celestial. Por isso também Deus não se envergonha deles, de se chamar seu Deus, porque já lhes preparou uma cidade.”
  Somos estrangeiro nessa terra de escuridão, muitos ainda estão vivendo sem conseguir enxergar nada no meio dessas trevas, mas Deus nos colocou em uma possição que possamos levar a luz o maximo possivel de pessoas, refletindo a Cristo no meio da noite, mas para isso devemos estudar as sagradas escrituras para conhecermos aquele que é o caminho, a verdade, a vida e a luz do mundo.

Aqueles sentirem no seu intimo o desenho de estudar mais as sagradas escrituras para ser a luz do mundo e refletir a Cristo levante a mão? Agora fiquem em pé para orarmos.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

3 - A queda do homem



Texto base Gn 3

            O escritor William Shakespeare, entre os anos de 1591 e 1595, escreveu o livro Romeu e Julieta. Essa tragédia fala sobre dois adolescentes que por não poderem se amar cometem suicídio.

            A bíblia também conta a história de uma grande tragédia que ocorreu no início da humanidade. Ela ficou conhecida como a “queda do homem”. Eva, enganada pela serpente, come o fruto proibido e dá ao seu companheiro Adão que, possivelmente por amor a Eva, também come para os dois morrem juntos. Contudo, esse ato de desobediência traz consequências horríveis não só ao casal, mas a toda vida terrestre.
            Todavia, a bíblia não é o único local que podemos encontrar o relato da queda do homem. Com algumas diferenças, foram encontrados no mundo inteiro, principalmente na mesopotâmia, relatos que contam a mesma história. Entre os achados está o selo mesopotâmico da tentação, datado de 2300 a.C., que mostra um casal ao sentado próximo de uma arvore e uma serpente por detrás deles. Isso mostra que o relato da queda do homem veio da mesma fonte dos outros relatos, mas Moises inspirado por Deus conseguiu separar a verdade no meio de tantos erros e escreveu a história verdadeira.
            A queda do homem está escrita no capítulo 3 do livro de Gênesis. Ele e os capítulos 2 e 4 fazem parte do mesmo “toledot”, ou seja, da mesma história sendo dividida, nesse caso, em 3 partes: o detalhamento a criação da humanidade, a queda do homem e Cain e Abel.
            O capitulo três pode ser visto como o capitulo divisor entre a criação pura e a criação contaminada pelo pecado. Dessa forma, a divisão destes três relatos será a seguinte: a natureza pura, a contaminação do pecado e as primeiras consequências do pecado. Diante dessas considerações iniciais vamos abordar agora as partes mais importantes do texto.

A serpente

            “Ora, a serpente era o mais astuto de todos os animais selvagens que o Senhor Deus tinha feito. E ela perguntou à mulher: "Foi isto mesmo que Deus disse: ‘Não comam de nenhum fruto das árvores do jardim’? " Gn 3:1
            Em todas as partes do mundo as serpentes possuíam um papel de destaque, alguns povos as tinham como deusas, mas as mais antigas civilizações as tinha como adversarias dos homens e muitas vezes até dos deuses. Um desses mitos é o Rá e o demônio Apofis o qual Rá tem que lutar todas as noites para fazer o sol nascer.
            Hoje, ao lermos o texto associamos a serpente a Satanás. Isso acontece porque o livro do Apocalipse 12:7-9 diz: “Então houve guerra no céu: Miguel e os seus anjos batalhavam contra o dragão. E o dragão e os seus anjos batalhavam, mas não prevaleceram, nem mais o seu lugar se achou no céu O grande dragão foi lançado fora. Ele é a antiga serpente chamada diabo ou Satanás, que engana o mundo todo. Ele e os seus anjos foram lançado à terra”.
            O pecado não se iniciou na terra, mas no céu muito antes do ser humano existir. A pergunta que normalmente vem é por que Deus permitiu que o pecado surgisse? Podemos tentar dar várias explicações para isso, mas apenas um possui 100% de embasamento bíblico. É o que está escrito em Dt 29: 29 “As coisas encobertas pertencem ao Senhor nosso Deus, mas as reveladas nos pertencem a nós e a nossos filhos para sempre, para que observemos todas as palavras desta lei”. Deus não nos revelou, então não devemos especular para não cair em erro.

Dialogo de Eva e a serpente (Gn 3: 1-5)

“Ora, a serpente era o mais astuto de todos os animais do campo, que o Senhor Deus tinha feito. E esta disse à mulher: É assim que Deus disse: Não comereis de toda árvore do jardim? Respondeu a mulher à serpente: Do fruto das árvores do jardim podemos comer, mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse Deus: Não comereis dele, nem nele tocareis, para que não morrais. Disse a serpente à mulher: Certamente não morrereis. Porque Deus sabe que no dia em que comerdes desse fruto, vossos olhos se abrirão, e sereis como Deus, conhecendo o bem e o mal.”

            Satanás distorce as palavras de Deus dizendo “não comereis de toda arvore do jardim” para que Eva fosse induzida a iniciar um diálogo com ele. Essa tem sido a estratégia de Satanás através dos séculos, fazer com que os filhos de Deus dialoguem com ele ao invés de resisti-lo e aos poucos ele vai sondando até encontrar uma brecha para que eles caiam em suas armadilhas.
            Eva cometeu vários erros entre eles estão: afastar-se de Adão, entrar em diálogo com a serpente e aumentar as palavras de Deus. Como auxiliadora de Adão ambos deveriam estar sempre juntos, como ela estava só foi uma presa fácil para satanás e ele viu uma brecha quando ela aumentou as palavras de Deus dizendo “ nem tocaras”.
            Satanás coloca o caráter de Deus em dúvida chamando-o de mentiroso ao dizer “certamente que não morrereis”, ele acusa-o de querer impedir o crescimento intelectual de seus filhos e induz Eva a cometer o mesmo pecado que ele cometeu no céu, querer ser igual a Deus.

Adão e Eva comem o fruto (Gn 3: 6,7)

“Então, vendo a mulher que aquela árvore era boa para se comer, e agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento, tomou do seu fruto, comeu, e deu a seu marido, e ele também comeu. Então foram abertos os olhos de ambos, e conheceram que estavam nus; pelo que coseram folhas de figueira, e fizeram para si aventais.”

            Eva desejou o fruto. A palavra utilizada para “desejável” é a mesma no hebraico utilizada para cobiçar nos dez mandamentos (Êx 20: 17). A partir daí Eva não era mais inocente, Jesus ensinou que pecado não é só ato, mas também pensar em fazê-lo (Mt 5:28). Contudo, o pecado só se consumou quando ela comeu o fruto.
            Adão teve que tomar uma decisão poderia não comer do fruto e deixar a pena de morte recair apenas sobre Eva ou comeria e ambos morreriam. Possivelmente, o amor de Adão por Eva foi maior do que por Deus e ele comeu o fruto.
            Apenas depois que Adão comeu o fruto olhos se abriram. Isso pode ter acontecido por dois motivos: primeiro, Deus deu a ordem de não comer do fruto a Adão quando Eva ainda não tinha sido criada (Gn 2:16-17) e segundo, Adão pecou conscientemente, “mas a mulher, sendo enganada, caiu em transgressão; ” (1Tm 2:14).
            Após os olhos se abrirem, perceberam que estavam nus e coseram roupas para si (Vs 7). Este verso começa a mostrar as consequências do pecado. No final do capítulo anterior diz que “estavam nus e não se envergonhavam” (Gn 2:25). O pecado os destituiu das vestiduras de pureza e começaram a ater vergonha um do outro.

O jogo da culpa (Gn 3: 8-13)

“E, ouvindo a voz do Senhor Deus, que passeava no jardim à tardinha, esconderam-se o homem e sua mulher da presença do Senhor Deus, entre as árvores do jardim. 9 Mas chamou o Senhor Deus ao homem, e perguntou-lhe: Onde estás? 10 Respondeu-lhe o homem: Ouvi a tua voz no jardim e tive medo, porque estava nu; e escondi-me. 11 Deus perguntou-lhe mais: Quem te mostrou que estavas nu? Comeste da árvore de que te ordenei que não comesses? 12 Ao que respondeu o homem: A mulher que me deste por companheira deu-me a árvore, e eu comi. 13 Perguntou o Senhor Deus à mulher: Que é isto que fizeste? Respondeu a mulher: A serpente enganou-me, e eu comi.”
            Ao final do dia Deus foi visita-los. Como filhos que fazem algo de errado e sabem que vão ser castigados quando o pai chegar em casa, o primeiro casal tentaram esconder-se de Deus. Então Deus pergunta a Adão onde estas? Deus sabia onde Adão estava, mas como sempre, Ele quer que venhamos refletir sobre os nossos erros. Deus queria que Adão refletisse sobre os motivos que fizeram ele se esconder.
            Outras perguntas foram feitas ao casal, desta vez com intuito deles assumirem o erro de terem comido o fruto proibido, mas ao invés de assumir o erro eles jogaram a culpa em Deus dizendo: foi a mulher que tu me deste (vs 12), serpente me enganou (vs 14). Ora, Deus havia criado a serpente, logo Eva também estava colocando a culpa nEle.
            Entretanto, eles fizeram as mesmas coisas que fazemos hoje. Mesmo tendo ciência dos nossos erros tentamos culpar os outros para tentar se livrar da culpa e muitas vezes dizemos ou ouvimos as seguintes frases: é culpa do governo, ela não me dava mais carinho, ele não me fazia sentir-se realizada, se a empresa pagasse melhor não faria isso. Todavia, somente nós somos culpados pelo que fazemos. Devemos ter em mente que a carne é fraca, mas o pecado não é vitamina.

Maldição e esperança (Gn 3:14-19)

Então o Senhor Deus disse à serpente: Porquanto fizeste isso, maldita serás tu dentre todos os animais domésticos, e dentre todos os animais do campo; sobre o teu ventre andarás, e pó comerás todos os dias da tua vida. Porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua descendência e a sua descendência; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar. E à mulher disse: Multiplicarei grandemente a dor da tua conceição; em dor darás à luz filhos; e o teu desejo será para o teu marido, e ele te dominará. E ao homem disse: Porquanto deste ouvidos à voz de tua mulher, e comeste da árvore de que te ordenei dizendo: Não comerás dela; maldita é a terra por tua causa; em fadiga comerás dela todos os dias da tua vida. Ela te produzirá espinhos e abrolhos; e comerás das ervas do campo. Do suor do teu rosto comerás o teu pão, até que tornes à terra, porque dela foste tomado; porquanto és pó, e ao pó tornarás.

            Deus profere três maldições e uma esperança nesses textos. A primeira maldição é direcionada a serpente, a partir de então ela começa a rastejar. A bíblia não descreve como era a forma física da serpente antes disso. Alguns relatos mesopotâmicos trazem a serpente com pernas e até mesmo com asas como é o caso da “confissão de Gudea e sua esposa perante o deus Enki. Há alguns anos também foi encontrado o fóssil de uma cobra com patas o comprova o relato bíblico de que em algum momento a serpente locomovia de outra forma.
            A segunda maldição foi proferida contra a mulher. Deus multiplicaria os sofrimentos da gravidez, não que ela já tivesse, mas é uma forma de dizer que as dores seriam a partir de então muito intensas. As dores do parto são tão intensas que em várias partes da bíblia o parto simboliza severa angustia (Mq 4:9,10). A mulher desejaria intensamente o seu marido e ele governaria a mulher, ou seja, ela deixaria de ter uma posição igual a homem para assumir uma posição um pouco menor, o homem seria a partir de então o chefe da família, mas da mesma forma que um rei deve amar e proteger o povo que governa, o homem também deve amar e proteger a mulher. Pensando nisso Paulo escreveu: “Maridos, amem suas mulheres, assim como Cristo amou a igreja e entregou-se a si mesmo por ela”(Ef 5:25).
            A terceira maldição é voltada ao homem. Por causa dele a terra seria maldita, brotaria plantas com espinho. Esse texto se contrapõe a Gn2:5 “ainda não tinha brotado nenhum arbusto no campo, e nenhuma planta havia germinado, porque o Senhor Deus ainda não tinha feito chover sobre a terra, e também não havia homem para cultivar o solo”. Dessa forma, o autor está dizendo como surgiram estas coisas. O homem trabalharia duro para o sustento da família agora eles teriam a certeza que morreriam pois ao pó voltaria.
            Entretanto, Deus deu uma esperança. Ele falou a Adão que o descendente da mulher esmagaria a cabeça da serpente. Essa é a primeira profecia e é conhecida como o protoevangelho (primeiro evangelho). Aquele que foi ferido no calcanhar pela serpente, ressuscitou e agora está no céu nos preparando uma morada (Jo 14:1-3) e logo virá outra vez. Ele mesmo falou: “Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que morra, viverá;” (Jo 11:25). Paulo reafirmou a certeza da ressurreição quando escreveu: “Eis aqui vos digo um mistério: Nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados, num momento, num abrir e fechar de olhos, ao som da última trombeta; porque a trombeta soará, e os mortos serão ressuscitados incorruptíveis, e nós seremos transformados” (1Co 15:51-52). Logo, mesmo que voltemos ao pó, teremos a certeza que ressuscitaremos e poderemos dizer as mesmas palavras de Jó que foram estas: “Pois eu sei que o meu Redentor vive, e que por fim se levantará sobre a terra E depois de consumida a minha pele, ainda em minha carne verei a Deus. Vê-lo-ei por mim mesmo, e os meus olhos, e não outros, o verão; e, por isso, o meu coração se consome dentro de mim.” (Jó 19:25-27).

Últimos momentos no Éden (Gn 3:20-24)

“E chamou Adão o nome de sua mulher Eva, porquanto ela era a mãe de todos os viventes. E fez o SENHOR Deus a Adão e a sua mulher túnicas de peles e os vestiu. Então, disse o SENHOR Deus: Eis que o homem é como um de nós, sabendo o bem e o mal; ora, pois, para que não estenda a sua mão, e tome também da árvore da vida, e coma, e viva eternamente, o SENHOR Deus, pois, o lançou fora do jardim do Éden, para lavrar a terra, de que fora tomado. E, havendo lançado fora o homem, pôs querubins ao oriente do jardim do Éden e uma espada inflamada que andava ao redor, para guardar o caminho da árvore da vida.

            Adão, possivelmente, confiando na promessa de que da descendência da mulher viria o seu redentor, nomeou-a de Eva.
            Deus fez roupas para eles com pele de animal, talvez esse tenha sido o primeiro sacrifício.
            Para impedir que o homem se torne um pecador imortal e assim perpetuasse para sempre o pecado, Deus os expulsou do jardim e colocou um anjo para proteger a entrada. Contudo, Deus expulsou-os do jardim, mas irá dar para eles uma cidade.

“E vi um novo céu e uma nova terra. Porque já se foram o primeiro céu e a primeira terra, e o mar já não existe. E vi a santa cidade, a nova Jerusalém, que descia do céu da parte de Deus, adereçada como uma noiva ataviada para o seu noivo. E ouvi uma grande voz, vinda do trono, que dizia: Eis que o tabernáculo de Deus está com os homens, pois com eles habitará, e eles serão o seu povo, e Deus mesmo estará com eles. Ele enxugará de seus olhos toda lágrima; e não haverá mais morte, nem haverá mais pranto, nem lamento, nem dor; porque já as primeiras coisas são passadas. E o que estava assentado sobre o trono disse: Eis que faço novas todas as coisas. E acrescentou: Escreve; porque estas palavras são fiéis e verdadeiras. Disse-me ainda: está cumprido: Eu sou o Alfa e o Ómega, o princípio e o fim. A quem tiver sede, de graça lhe darei a beber da fonte da água da vida. Aquele que vencer herdará estas coisas; e eu serei seu Deus, e ele será meu filho” (Ap 21:1-7).

As vezes Deus não nos dá algo queremos para dar algo melhor mais na frente. Talvez Deus não tenha te dado o emprego que queria ou a casa que queria. Talvez você tenha pedido tanto, orado durante vários dias, mas Deus não atendeu. Não desanime, Deus tem algo melhor para você, pois os planos de Deus são infinitamente maior que os nossos. Espere e logo você verá a benção de Deus cair na sua vida. Basta apenas crer.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

2 a criação do homem



Há alguns anos atrás o relato do Genesis era considerado como uma criação Judaica, alguns chegavam a argumentar que se Adão realmente fosse um ancestral comum, então deveria haver vários povos que afirmasse isso. E quão grande foi a surpresa com a descoberta de vários escritos antigos de outros povos que traziam histórias parecidas com o relato bíblico e algumas com pouquíssimas distinções e o que mais surpreendeu era o nome do primeiro homem, entre esses nomes estão: Adamu, Adime, Adapa, Adumuzi, etc. Esses nomes se assemelham muito com a grafia hebraica “Adam”.
Na Mesopotâmia faram encontrados vários escritos que trazem histórias parecidas com o relato da criação entre eles estão o conto de Enki e Ninhursag que foi escrito no 2º milênio a.C. em que os deuses criam o homem e depois da costela do homem faz a mulher.
Fora da Mesopotâmia, a mitologia grega conta que Prometeu criou um boneco feito de argila molhada com agua do rio e Atena soprou no boneco o espirito, o folego de vida e Zeus cria a mulher como forma de punir o homem.
O que esses relatos mostram é que Adão realmente existiu e foi o primeiro homem e muitas culturas preservaram isso, mas cada uma conta a sua versão da história e Moises escreveu o relato original.
O capitulo dois de gênesis tem sido chamado por alguns de segundo relato da criação. Para eles o capitulo 1 e 2 foram escritos por pessoas diferentes e isso levou aos dois relatos terem alguns problemas. Estes problemas são:

1.    As introduções dos dois capítulos começam referindo-se a criação então qual seria o relato original?
Gn 1:1 - No princípio criou Deus os céus e a terra.
Gn 2:4 - Eis as origens dos céus e da terra
2.    No capítulo 1 a criação foi em 6 dias mais o sábado, enquanto no capítulo 2 tudo foi criado em um só dia.
Gn 1:5,8,13,19,23; 2:1-3
Gn 2:4 – No dia em que o Senhor Deus fez a terra e os céus
3.    A terra está coberta por água no Capitulo 1, já no capitulo 2 a terra é um deserto.
Gn 1:2 A terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo, mas o Espírito de Deus pairava sobre a face das águas.
Gn 2:5 - não havia ainda nenhuma planta do campo na terra, pois nenhuma erva do campo tinha ainda brotado; porque o Senhor Deus não tinha feito chover sobre a terra, nem havia homem para lavrar a terra.
4.    A criação envolve o cosmo com a criação do sol da lua e das estrelas no capitulo 1 (1:1, 14,15; 2:1), enquanto no capitulo 2 o relato é voltado apenas para a terra (2:5).
5.    Os animais foram criados antes do homem no capitulo 1 (1:20-25) e já no capitulo 2 o homem foi criado antes dos animais
Gn 2:7 - E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, e soprou-lhe nas narinas o fôlego da vida; e o homem tornou-se alma vivente.
Gn 2:18-20 - Senhor Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma ajudadora que lhe seja idônea. Da terra formou, pois, o Senhor Deus todos os animais o campo e todas as aves do céu, e os trouxe ao homem, para ver como lhes chamaria; e tudo o que o homem chamou a todo ser vivente, isso foi o seu nome. Assim o homem deu nomes a todos os animais domésticos, às aves do céu e a todos os animais do campo; mas para o homem não se achava ajudadora idônea.
6.    Os animais fazem parte do plano cósmico da criação no capítulo 1 (1:11-31), mas no capítulo 2 eles foram criados para o homem (2:18-20).
7.    Cabe o homem governar o mundo no capitulo 1, contudo no capitulo 2 apenas o Éden.
Gn 1:28 - Então Deus os abençoou e lhes disse: Frutificai e multiplicai-vos; enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu e sobre todos os animais que se arrastam sobre a terra.
Gn 2:15 - Tomou, pois, o Senhor Deus o homem, e o pôs no jardim do Édem para o lavrar e guardar.
8.    No capítulo 1 o homem e a mulher são criados simultaneamente, enquanto no capitulo 2, primeiro o homem e depois a mulher.

Gn 1: 17,18 - E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; domine ele sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu, sobre os animais domésticos, e sobre toda a terra, e sobre todo réptil que se arrasta sobre a terra. Criou, pois, Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou.
Gn 2:18 Disse mais o Senhor Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma ajudadora que lhe seja idônea.
9.    Não se dá nomes as criaturas no capitulo 1 (1: 20-25), todavia no capitulo 2 Os animais são nomeados por Adão (2:20-23)
10.  No capítulo 1 somente Deus fala (1:3-30), mas no capitulo 2 o homem também fala (2:23)

E agora? Existem diferença sim ou não? Houve realmente uma criação? Se sim qual é o verdadeiro relato?
Infelizmente, devido ao tempo não poderemos abordar profundamente cada um desses pontos, mas trataremos alguns deles.
Primeiramente, existe um pensamento equivocado de que Gn 2 seja um segundo relato da criação. Este capitulo, na verdade, é o início do detalhamento da história da criação do mundo.
A palavra que inicia o relato de Gn 2 é a “toledote” (תלדה) que pode significar gerações ou histórias. Se essa palavra aparecesse apenas em Gn 2 poderíamos dizer que ele seria um segundo relato da criação, mas como aparece várias vezes e sempre no início de um novo relato, então ela significa uma nova fase da história.
Dessa forma, podemos dizer que de Gn 2:4-4:26 é uma única história que é dividida em três partes o detalhamento da criação do homem e da mulher, a queda do homem e Caim e Abel.
Segundo, Gn 2:5 não descreve a situação da terra antes da criação, mas o estado da terra antes do pecado. O texto segue a seguinte estrutura a terra antes do pecado, (a criação da humanidade), depois do pecado (expulsão do Éden) e consequências do pecado (Caim e Abel). E ao analisarmos os detalhes do capitulo 2:5 podemos perceber que o autor tenta se remeter ao estado antes do pecado fazendo ligação com o presente. Assim está o texto: “não havia ainda nenhuma planta do campo na terra, pois nenhuma erva do campo tinha ainda brotado; porque o Senhor Deus não tinha feito chover sobre a terra, nem havia homem para lavrar a terra.” (Gn 2:5)
A palavra no original para “planta do campo” é “Siar hasader” que se refere a espinho e a brolho e uma expressão semelhante é utilizada em Gn 3:18 após a queda quando se referindo a terra Deus disse: “Ela te produzirá espinhos e abrolhos”.
A expressão “erva do campo” (2:5) é um paralelo com “erva do campo” de (3:18). A expressão “chover pela terra” (2:5) aparece novamente em 7:4 e 10-12 se referindo ao diluvio, pois a primeira vez que choveu foi no diluvio. E por fim a expressão “homem para lavrar a terra” (2:5) está se referindo a maldição do homem (3:23) porque a partir da li o homem começou a lavrar a terra.
O autor estaria dizendo o seguinte: Esta é a história de quando Deus criou os céus e a terra e nesse tempo não existia espinho e nem pragas do campo, ainda não chovia e o homem ainda não lavrava a terra e vou contar como essas coisas vieram a existir.
Outro ponto em que se baseiam os que defendem que são dois relatos da criação é o fato deles serem independentes. Contudo, os dois relatos são independentes porque o segundo detalha algo que aconteceu no primeiro. Como também aconteceu com a ida e Jacó a Padã-arã em que Gn 28:1-9 diz que Jacó foi para lá e 28:10-29:1 descreve como foi durante o percurso. Isso nos revela que o que acontece em gênesis 2 e no relato de Jacó era comum na literatura judaica. Eles diziam algo bem mais abrangente e em seguida detalhavam algum ponto.
Outros aspectos linguísticos e textuais que nos ajudaram são:

1.    A expressão idiomática “no dia” significa “no tempo ou quando” (gn2:4);
2.    O hebraico possui tempos verbais diferentes do português, pois isso a criação dos animais (Gn 2:19) pode ser interpretada como uma ação que ocorreu antes da criação do homem.
3.    O propósito do texto não era dar nomes (Gn 2:19-25), mas mostrar a Adão que ele necessitava de uma companheira e ele fica tão feliz ao ver Eva que cita a primeira poesia da bíblia (Vs 23).

O propósito de Genesis 2 é detalhar criação daquele que foi feito a imagem e semelhança de Deus e mostrar que a mulher foi um presente para o homem ao contrário das crenças de vários outros povos em que a mulher era uma espécie de castigo divino.
Deus deixou Adão nomear os animais para sentir a necessidade de uma companheira. Ele ao ver que todos os animais possuíam seus pares sentiu a falta de alguém ao seu lado. Possivelmente, Deus fez isso para que o homem desse valor a mulher, pois agora ele sabia quão triste era viver sozinho.
Deus fez Adão cair em um sono profundo e tirou dele uma costela e formou a mulher (Gn 2: 21,22) e quando viu a mulher com uma grande alegria canta a primeira poesia da bíblia “Esta é agora osso dos meus ossos, e carne da minha carne; ela será chamada varoa (isshah), porquanto do varão (ish) foi tomada”. (Gn 2:23)
Mas o ápice deste capitulo é o verso seguinte que diz: “Portanto, deixará o varão o seu pai e a sua mãe e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne” (Gn 2:24). Esse é o plano original de Deus um relacionamento monogâmico e heterossexual e isso é tão importante que o próprio jesus reafirmou o relato, quando questionado sobre o divórcio, dizendo: “Não tendes lido que o Criador os fez desde o princípio homem e mulher, e que ordenou: Por isso deixará o homem pai e mãe, e unir-se-á a sua mulher; e serão os dois uma só carne? Assim já não são mais dois, mas uma só carne. Portanto o que Deus ajuntou, não o separe o homem” (Mt 19:4-6).
O apostolo Paulo vendo que homem estava se afastando demais dos planos de Deus a ponto de achar que prostituição era normal escreveu: “Vocês não sabem que aquele que se une a uma prostituta é um corpo com ela? Pois, como está escrito: "Os dois serão uma só carne" (1Co 6:16). E o mesmo apostolo compara o mistério do relacionamento de Cristo com sua igreja ao casamento dizendo: “Por isso deixará o homem seu pai e sua mãe, e se unirá a sua mulher; e serão dois numa carne. Grande é este mistério: digo-o porém a respeito de Cristo e da igreja. Assim também vós cada um em particular ame a sua própria mulher como a si mesmo, e a mulher respeite o marido” (Efesios 5:31-33).

No capítulo 1 o auge dos seres criados é o homem e o auge dos dias da criação é o sábado, já no capitulo 2 o auge é a família. Portanto, o homem deve cuidar destas duas instituições, o sábado e a família, até o retorno de Jesus e a eternidade, Amém.

Referencias
https://www.youtube.com/watch?v=yi2NhEZjK0o

segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

1 - A criação



Texto base: Gn 1-2:3
Objetivo: Mostrar o relato da criação com algo verídico e confiável e qual o é o objetivo desse relato.

            O primeiro livro da bíblia é o Genesis (origem ou fonte) recebe esse nome da septuaginta (LXX) que foi uma tradução dos escritos hebraicos para a língua grega feita por 72 sábios. No texto hebraico ele recebe o nome de b’reshith (em princípio) e o Talmude judaico o chama de “Livro da criação do mundo.
            Este livro junto com êxodo, levítico, números e deuteronômio são chamados de pentateucos ou torá (lei) e não trazem o nome do seu autor, contudo a tradição tem atribuído sua autoria a Moises. No novo testamento Jesus chama o livro de Êxodo como o livro de Moises (Mc 12:26) e como ele é continuação de Genesis ambos possuem o mesmo autor.
            Considerando a cronologia bíblica e as evidencias internas de Gênesis é mais provável que o livro tenha sido escrito por Moises em algum momento do século 15 a.C e Moises talvez tenha se utilizado, além de orientação divina histórias, notas, registros e tradições genealógicas da antiga mesopotâmia, retirando a verdade no meio deturpação criada pelos antigos povos. Criando assim “uma história oficial” segundo Deus.
Alguns estudiosos têm se questionado quanto ao estilo de escrita do livro de Genesis, contudo, ela só pode ser prosa poética, pois poesia usa recorrentemente metáforas ao contrario deste livro.
O livro de Gênesis pode ser divido em 12 partes servindo como divisão a palavra “toledote” que significa gerações/ historias e aparecem nos seguintes textos: gn 2:4; 5:1; 6:9; 10:1; 11:10,27; 25:12,19;36.1,9 e 37:2
A primeira parte (Gn 1-2:3) não utiliza a palavra toledote, mas é uma sessão que trata do relato da criação.
O relato da criação tem sido questionado a vários anos quanto a sua veracidade. O principal argumento é a semelhança entre o relato bíblico e os vários mitos mesopotâmicos, dentre os quais o Enuma Elish que foi dividido em 7 tabletes e cada um deles conta uma parte da criação como o Gênesis 1 divide a criação em 7 dias.
Antes das descobertas dos textos mesopotâmico, os críticos diziam que o relato do Genesis era fruto da mente judaica e depois delas vários críticos acusaram os judeus de terem plagiados os mitos dos povos antigos, contudo outros se levantaram e mostraram que não há plagio, mas os relatos vinham de uma tradição antiga comum e não de uma cópia.
Contudo, também há uma grande diferença do relato bíblico com os mitos mesopotâmicos em pontos essenciais. Nos mitos, a criação se dava após uma grande batalha entre deuses e elevava um deus acima dos demais que, na maioria das vezes, criava o homem para ser seu escravo e fazerem coisas que os deuses não queriam. Enquanto o relato bíblico, não começa com uma batalha e apresenta um único Deus que criou o ser humano e colocou-o para governar a terra.
As semelhanças e as diferenças mostram que um relato antigo foi passado de geração em geração até que Moises escreveu fazendo um relato oficial divino.
Infelizmente, muitos ainda tentam invalidar o texto bíblico utilizando uma interpretação alegórica fazendo os relatos de Gênesis 1-11 serem considerados como mitos e adotam o evolucionismo como o meio que Deus trouxe a vida ao planeta e lamentavelmente até cristãos têm se denominados cristãos-evolucionistas.
Mesmo que alguns tentem fazer essas ligações a verdade é que é impossível faze-lo. Pois querendo ou não eles têm que deixar de acreditar de partes da bíblia e colocam questionamentos sobre a base do cristianismo que é a morte redentora de Jesus, pois se a morte já existia, se o relato de Adão e Eva é um mito então não havia motivo para Cristo morrer para salvar a humanidade, pois não houve um pecado original.
O cristão deve interpretar a bíblia como ela é, sem questiona-la e colocar qualquer argumento a luz da bíblia e não o contrário. A bíblia é bem clara: “No princípio criou Deus os céus e a terra” (Gn 1:1). Deus criou e não fez evoluir. Esta deve ser a certeza do cristão, Deus, todo poderoso, criou tudo que existe e os mantem dia após dia.
Hoje veremos o relato da criação que está de Gênesis 1:1 a 2:3. O relato da criação tem diversas repetições importantes como: “disse Deus”, “houve tarde e manhã” e “viu Deus que tudo era bom”. Além disso, ele traz diversas ligações entre os dias criando uma estrutura complexa e muito bem organizada.
Os acontecimentos de cada dia da criação foram:
1ª dia (1:3-5):
a)    Disse Deus: haja (Raiah) luz e ouve (Raiah) luz;
b)    Viu Deus que era bom
c)    Separação (badal) entre (bein) dia e noite
d)     Chama (qara) a luz dia e as trevas noite
e)     “houve tarde e manhã do primeiro dia.
f)     A luz descrita no texto emanava de Deus. E o dia era contado através da rotação da Terra.
2º dia (1:6-8):
a)    Disse Deus: haja (raiar) firmamento (raquia) e ouve separação (badal) entre (bein) aguas e aguas.
b)    Não houve: viu Deus que era bom
c)    Ouve separação (badal) entre (bein) aguas e aguas
d)    Chamou (qara) o firmamento céus
e)    Houve tarde e manhã do segundo dia.
f)     Podemos perceber que é utilizado praticamente os mesmos verbos que são: haja (raia), separar (Badal) entre (bein), chamar (qara). Dessa forma pode-se perceber que há uma intima ligação entre o primeiro e segundo dia.
3º dia (1: 9-13):
a)    Terceiro dia Disse Deus: Ajuntem-se (qavah Ele não utiliza o verbo raiar) as aguas e apareça (Raah a mesma palavra utilizada no primeiro dia em “viu Deus” Raah elohim, veja que Ele não diz haja terra, mas apareça, isso ocorre porque a terra já existia e simplesmente apareceu, tornou –se visível) porção seca (Yabbashah terra seca, sem vida).
b)     Chamou (qara) de Terra (Erets) a porção seca e de mares (Yam) o ajuntamento das aguas, essa é a última vez que esta palavra aparece na criação.
c)    Viu que era bom
d)     Disse Deus: Produza a terra (erets) relva, ervas que deem semente, e árvores frutíferas que, segundo as suas espécies, deem fruto que tenha em si a sua semente, sobre a terra.
e)    E assim foi.
f)      Mais na frente o texto repete “viu (raah) Deus que tudo era bom”. Essa expressão aparece no primeiro dia não aparece no segundo dia, mas aparece no terceiro duas vezes.
g)    Também é usado pela primeira vez “segundo a sua espécie” e “assim foi” que é muito importante.
h)   Repetiu “houve tarde e manhã”, desta vez, do terceiro dia.
4º dia (1: 14-19):
a)    E disse Deus: haja luminares no firmamento do céu,
b)    E assim foi.
c)    O objetivo dos luzeiros era iluminar e ficariam no firmamento.
d)    Também se repete “viu Deus que era bom” e “foi tarde e manhã”.
e)    Objetivo foi mostrar que o sol e a lua são criações e não divindades como os outros povos pensavam.
5º dia (1: 20-23):
a)    Criou as aves e os animais marinhos;
b)    Segundo a sua espécie;
c)    Assim foi
d)    Repete-se “viu Deus que tudo era bom” e “foi tarde e manhã.

6º dia (1: 24-31):
a)     E disse Deus: Produza a terra seres viventes (animais domésticos, répteis, e animais selvagens)
b)    Segundo as suas espécies;
c)    Assim fez
d)     E assim foi. É interessante notar que a terra apareceu no segundo dia e torna-se parceira de Deus na criação das plantas no 3º dia, dos animais terrestres e do homem no 6º dia.
e)    E viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era bom.
f)     Fez o homem e a mulher a sua imagem e semelhança
g)    Viu todo a sua obra, e era muito bom
h)   E foi a tarde e a manhã do sexto dia
7º dia (2:1-3):
a)    Descansou
b)    Abençoou
c)    Santificou

Comparando os dias da criação pode-se perceber ligações entre eles que são:
O primeiro dia, está ligado ao segundo através dos verbos que foram utilizados e também está ligado ao quarto dia com relação a luz que iluminou o primeiro dia e os luzeiros que tinham o objetivo de iluminar.
O segundo dia, está ligado ao primeiro pelos verbos, ao quarto pois os luzeiros foram colocados no firmamento, ao quinto dia porque as aves voaram no firmamento dos céus e os peixes na aguas.
O terceiro dia está ligado ao segundo, porque as aguas do firmamento são chamadas de mares e ao sexto dia, pois as plantas do terceiro dia serviram de alimento para os animais criados no sexto dia.
O quinto dia se conecta com o sexto, pois nesses dias foram criados seres vivente e os dois se conectam com o terceiro dia pela expressão “segundo a sua espécie”.
Essas ligações são importantes para se perceber que há uma progressão em cada dia de uma forma que torna o texto indivisível e um bloco inseparável e muito bem conectado.
Porque é importante conhecermos isso? Simplesmente para conhecermos qual é o objetivo de Genesis 1. Mas para conhecer o objetivo do texto, devemos voltar ao verso 1 e 2.
“No princípio criou Deus os céus e a terra. A terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo, mas o Espírito de Deus pairava sobre a face das águas.
Mas, para compreender o texto devemos conhecer o texto no original, porque existem certos detalhes que só podemos perceber quando olhamos os originais.
Um destes detalhes são as palavras sem forma (תֹ֙הוּ֙) e vazia (וָבֹ֔הוּ). Essas palavras tem o significado de “caos, desolação, deserto”. Essa ideia de toru (תֹ֙הוּ֙) como deserto mostra o inicio do processo.
Algo bem sutil do texto no original que está sendo utilizado em Gn 1 é o “vav” consecutivo. O vav (ו) é o correspondente do nosso “e” quando é usado com o verbo o texto continua normalmente, mas quando é utilizado com um substantivo ou adjetivo pode significar que o texto seguinte irá explicar o texto anterior. E em todo Genesis 1 o vav consecutivo ligado ao substantivo aparece apenas uma vez, o que é até estranho, pois normalmente aparece várias vezes.
O Vav consecutivo aparece em: “e a terra era sem forma e vazia” (וְהָאָ֗רֶץ הָיְתָ֥ה תֹ֙הוּ֙ וָבֹ֔הו ), ou seja, o que vem a seguir disso é uma explicação da terra sem forma e vazia, era desértica, sem vida e isso é importante? Sim, Porque a partir do Gn 1:3, Deus começa a transformar a terra em um lugar habitável, com vida, então, qual o processo que está desencadeando essa pequena explicação que parou o texto? Ele está dizendo o que Deus vai fazer a partir dali. O que ele criou, como criou, porque Ele criou e qual o objetivo do texto. Deus fez algo que não era habitável em algo habitável, Ele fez algo que não tinha vida ter vida.
Então qual o sentido da palavra “bara” (criar) em criou Deus o céu e a terra? É no sentido de transformar algo inabitável em um lugar habitável. Pois como “bara” só é aplicado a Deus, da mesma forma, só Ele pode fazer algo que não tem vida, ter vida. E esse é o processo do texto o que vai culminar na forma mais elevada de vida que é o ser humano. Mas por que o homem? Por que o autor faz questão em dizer que o homem é a imagem e semelhança de Deus? Porque é diferente, tem um diferencial, um processo que culmina em uma forma mais complexa de vida que é a imagem e semelhança de Deus.
Depois de tudo isso, mostrar o que criou, porque criou, como criou e várias repetições no texto ele quebra a estrutura literária para dizer que ele descansou no sábado.
“Assim foram acabados os céus e a terra, com todo o seu exército. Ora, havendo Deus completado no dia sétimo a obra que tinha feito, descansou nesse dia de toda a obra que fizera. Abençoou Deus o sétimo dia, e o santificou; porque nele descansou de toda a sua obra que criara e fizera” (Gn 2: 1-3).
Quando ele quebra a estrutura literária ele chama a atenção para algo muito importante que é o sábado. O sábado é a culminância da semana da criação.

Então qual o propósito de Genesis 1? É mostrar a transformação de algo que era inabitável e foi tornado habitável e principalmente, enfatizar um tempo divino onde o próprio Deus descansou. O livro de Genesis 1:1-31 mostra seis dias da criação e 2: 1-3 mostrar ação de Deus para ele mesmo no sétimo dia, Ele descansa e por isso Ele abençoa e santifica. É por isso que o autor monta uma estrutura que mostra a criação em seis dias e quebra a estrutura para mostrar que há um dia mais importante que os outros que é o sábado o dia que Deus descansou.

https://www.youtube.com/watch?v=jzur7xjqi2M&t=3s

sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

O Sábado parte 7: Período pós apostólico

1.1 Segundo e terceiro século depois de Cristo

 

Apesar de não haver base bíblica para a mudança da guarda do sábado para o domingo, alguns dizem que esta mudança foi feita pelos pais da igreja e já que eles foram discípulos dos apóstolos ou viveram bem perto dos apóstolos e por eles terem guardado o domingo devemos hoje guarda-lo também.
Alguns argumentam que os pais da igreja guardavam o domingo com tanta firmeza que dá a entender que todos os pais da igreja guardavam este dia, mas a realidade não é essa. Além disto deveremos primeiro pensar “o que é mais importante a bíblia ou a declaração de alguns pais da igreja?” se a bíblia fala que devemos guardar o sábado então pouco importa o que alguns pais da igreja falaram. As suas cartas devem apenas ter valor histórico de como era o ponto de vista de algumas pessoas próxima dos apóstolos e não como regra de fé. Se formos levar como regra de fé tudo o que os pais da igreja falavam então teremos grandes problemas, pois tiveram pais da igreja que disseram que nem seus defensores seguem.
Mesmo tendo sido homens piedosos em suas épocas, não podemos fazer de tais homens nossa autoridade final em assuntos doutrinários. Isso por que “Antes, importa obedecer a Deus do que aos homens.” (At 5:29).
Veja no que alguns dos pais da igreja acreditavam e conclua por si mesmo se, em matéria de doutrina, eles são confiáveis 100%. As informações a seguir foram extraídas do livro Subtilezas do Erro (1981):
Inácio dizia que se torna assassino quem não jejua no sábado; defende a transubstanciação, considerando herege quem admite apenas o simbolismo da santa ceia e exalta demais a autoridade do bispo, pondo-a acima da de César, chegando ao cúmulo de afirmar que, quem não o consulta, segue a satanás.
Barnabé (se é que existiu tal personagem), diz que a lebre muda a cada ano o lugar da concepção, que a hiena muda de sexo anualmente, e a doninha concebe pela boca. Afirma que Abraão conhecia o alfabeto grego (séculos antes que tal alfabeto existisse) e alegoriza a Bíblia.
Justino ensinava, entre outros absurdos, que os anjos do céu comem maná e que Deus, no princípio do mundo, deu o sol para ser adorado.
Clemente de Alexandria sustenta que os gregos se salvam pela sua sabedoria; afirma que Abraão era sábio em astronomia e aritmética e que Platão era profeta evangélico.
Tertuliano diz regozijar-se com os sofrimentos dos ímpios no inferno. Afirma que os animais oram. Defende o purgatório e a oração pelos mortos.
Eusébio era ariano (negava a Divindade de Cristo)
Irineu quer que as almas, separadas do corpo, tenham mãos e pés. Defende a supremacia de Roma, alegando que a igreja tem mais autoridade que a Palavra de Deus. Defende ardorosamente o purgatório.
Tais homens são as autoridades doutrinárias dos observadores do domingo, caro leitor! Pasmem! Não foi por acaso que Adam Clarck, comentarista evangélico, disse sobre eles: “Em ponto de doutrina a autoridade deles é, a meu ver, nula” – Clarkes’s Commentary, on Proverbs 8.
Contudo, as mais antigas menções sobre o sábado e o domingo foram feitas por Inácio de Antioquia; Plinio, um governador romano da Bitínia e a didaquê antes deles ainda no primeiro século temos a carta de Clemente, bispo de Roma, que é datada aproximadamente no ano de 95 d.C. ela é o documento mais antigo do cristianismo depois da bíblia e lá ele dedica quatro capítulos ao tema da ressurreição e em nenhum momento ele faz referência ao culto no domingo ou uma possível troca do dia de guarda.
Inácio de Antioquia escreveu uma epistola ao magnesianos na Ásia Menor, na qual advertia a esses cristãos contra uma variedade extrema de práticas judaizantes. Em magnesianos 9:1, ele fala de “não mais sabatizando, mas vivendo de acordo com ‘o do senhor’, no qual também nossa esperança tem nele surgido”. A frase tem sido frequentemente interpretada como “não mais guardando o sábado, mas vivendo de acordo com o dia do senhor [domingo]”. A palavra dia não aparece não consta no original grego. Em vez de adicionar a palavra dia também podemos adicionar a palavra “vida”, que daria tradução: “vivendo de acordo com a vida do senhor”. Esta ultima construção parece ser mais adequado, levando-se em conta o fato de que nela (ou por ela) “nossa esperança ressurgi nEle [Cristo].
Já a expressão sabatizar se levarmos em conta o contexto de que ele estava fazendo referência aos profetas do antigo testamento (8.2-9.1) veremos que ele estava mais tratando de uma maneira de viver que de dias de adoração.
Uma carta do governador romano Plinio ao imperador romano Trajano, em 112 d.C. fala das práticas dos cristãos da Bitínia. Alguns desses cristãos haviam apostatado e, quando interrogados por Plinio sobre as crenças e práticas judaicas mais antigas, mostraram que a extensão do erro deles era que antes de nascer o sol em um “dia determinado” (ou fixo) eles encontravam e cantavam hinos a Cristo como a um Deus (cartas, 10.96). Essa pratica parece mais uma celebração anual do dia da ressurreição que a observância de um sábado ou domingo semanal.
Um manual de instrução intitulado Didaquê, que data talvez do começo do segundo século, insiste, em seu capitulo 14, que conforme o [dia] do senhor” deviam reunir-se, partir o pão e celebrar a eucaristia. Esse texto tem sido interpretado como fazendo referência à celebração semanal do domingo, à Pascoa anual ou ao sábado do sétimo dia. Mas o texto pode dar uma interpretação diferente que parece ser mais viável que seria: “conforme a instrução do senhor” trocando instrução (mandamento ou doutrina) no lugar de “dia” que não está no original grego.
Aos poucos os cristãos começaram a fazer uma releitura dos textos bíblicos de forma alegórica tentando tirar um sentido espiritual que os textos não falam e reduz a importância do sábado. O documento que possivelmente foi escrito por Barnabé de Alexandria entre 130 a 138 d.C. diz:
“Não são os sábados atuais que me agradam, mas aquele que eu fiz e no qual, depois de ter levado todas as coisas ao repouso, farei o início do oitavo dia, isto é, o começo de outro mundo. Eis por que celebramos como festa o oitavo dia, no qual Jesus ressuscitou dos mortos e, depois de se manifestar, subiu aos Céus.”
Barnabé tenta extrair um sentido alegórico do texto e torna o seu documento meio ambíguo, pois não diz se os cristãos já guardavam o domingo (o oitavo dia) ou deveriam guarda-lo.
O Cristianismo cresceu muito e aos poucos começou a se paganizar e desta forma que o culto mitraista ao Deus sol começou a penetrar no cristianismo e se fundir com suas crenças. Justino de Roma registra que os cristãos em uma determinada cidade faziam culto aos domingos (dia do sol) e faz a ligação do dia dedicado ao Deus Sol, a criação e o dia da ressurreição. Ele escreveu:
 “No dia que se chama do Sol, celebra-se uma reunião de todos os que moram nas cidades ou nos campos, e aí se leem, enquanto o tempo o permite, as memorias dos apóstolos ou escritos dos profetas. [...] Celebramos essa reunião geral no dia do Sol, porque foi o primeiro dia em que Deus, transformando as trevas e a matéria, fez o mundo, e também o dia em que Jesus Cristo, nosso salvador, ressuscitou dos mortos. Com efeito, sabe-se que o Crucificaram um dia antes do dia de saturno e no dia seguinte ao de Saturno, que é o dia do sol, ele apareceu a seus apóstolos e discípulos, e nos ensinou essas mesmas doutrinas que estamos expondo para seu exame.”
Justino apenas faz menção a pratica de uma única cidade de se fazer o culto nos domingos, o que não impede desta mesma cidade realizar culto e guardar o dia de sábado ou da guarda do sábado em outras cidades.
Outro fator que também influenciou a mudança da guarda do sábado para o domingo foi o espirito “ante Judaizante” e as perseguições aos judeus o que fez os cristãos da época tentar se diferenciar deles, pois, o cristianismo no seu início era tratado como uma seita judaica. Desta forma, eles aos poucos foram deixando praticas que eram comuns a ambas religiões inclusive o sábado.
Já próximo do fim do segundo século, Clemente de Alexandria critica o sábado e favoreceu o primeiro dia da semana. Ele é o primeiro pai da igreja a chamar o domingo semanal de “o dia do Senhor”. Contudo ele expressa apenas a sua opinião sobre o assunto o que não comprova que esta mesma era uma opinião de todos os cristãos da época.
Irineu de Gaul que também viveu no final do segundo século aplica a expressão “o dia do Senhor” para o domingo de pascoa o que mostra que a opinião de Clemente não era universal e comum a todos os cristãos da época.
Duas outras fontes apócrifas também menciona a expressão “o dia do Senhor” que são: o evangelho de Pedro que fala da ressureição de Jesus ocorrendo no dia do Senhor, mas não menciona nenhuma guarda semanal ou anual sobre este dia e também o livro de atos de João que fala que João não jejuava no sétimo dia por ser “o dia do Senhor”, ou seja, ele dá a entender que o dia de sábado é o dia do Senhor mencionado pelo mesmo João no livro de apocalipse.
No terceiro século não existia tanta discursão sobre o sábado e o domingo e o domingo passou a ser observado numa base semanal. Contudo, existiam discursões sobre se o tratamento que era dado ao sábado também deveria ser dado ao domingo.
Hipólito de Roma era contra jejuar em dia de sábado, pois isso faria deste dia um dia de tristeza. Como em Roma nunca se jejuava nos domingos ele também procurava essa prerrogativa para o sábado.
No norte da África, Tertuliano, contemporâneo de Hipólito, no princípio possuía uma atitude contra os observadores do sábado, mas depois mudou de opinião e também foi contra o jejum no sábado.(contra Marcião, 4.12, 30, sobre o jejum, 14)
Podemos concluir que, tanto em Roma quanto no Norte da África, o sábado não havia desaparecido por completo. A ausência da polemica no restante da cristandade evidencia que, se a observância do domingo existia, não interferia na guarda do sábado.   

1.2  Quarto a Sexto século depois de Cristo


O quarto século foi marcado pela conversão de Constantino ao cristianismo em 312 d.C. Constantino era um grande defensor do culto ao deus Sol. Moedas cunhada durante ao seu governo, 315 d.C., traziam sua própria estampa de um lado e a do “Sol Invicto Comiti” (dedicado ao sol invencível) do outro.
O cristianismo para de ser perseguido e torna-se a religião oficial de Roma. Contudo, a paganização torna-se mais forte que anteriormente.
Cipriano de Cartago que morreu em 258 ele escreveu: "Ó, quão maravilhosamente agiu Providência que naquele dia em que o Sol nasceu ... Cristo deveria nascer"
João Crisóstomo (347- 407 d.C.) “Mas nosso Senhor, também, nasce no mês de dezembro... Os oito antes das calendas de janeiro [25 de dezembro]..., Mas eles chamam de 'Aniversário do Invicto'. Quem de fato é tão invencível como Nosso Senhor...? Ou, se eles dizem que é o aniversário do Sol, Ele é o Sol da Justiça"
No século IV, o Papa Leão Magno oficializou a sobreposição-substituição de uma festa por outra conforme está registrado num documento chamado Depositio martyrum de 336 d.C
Podemos perceber que antes de Constantino as comparações entre Jesus e o Sol invictus já existiam e se tornaram tão frequentes que colocaram o dia do nascimento de Jesus no mesmo dia do sol invictus.
Diante destas possíveis semelhanças em relação ao nascimento de Cristo (que alguns cristão aceitavam) e o dia da ressurreição de Jesus ter acontecido no domingo dia de adoração ao Deus Sol além das discursões dos séculos anteriores sobre o tratamento do sábado com o domingo, tornou-se fácil para Constantino ligar o mitraismo (adoração ao deus sol) com o cristianismo pela troca da guarda do sábado para o domingo dia do deus sol.
Constantino faz essa ligação das duas religiões promulgando o edito dominical no dia 7 de março de 321 que dizia:
“Que todos os juízes, e todos os habitantes da cidade, e todos os mercadores e artífices descansem no venerável dia do Sol. Não obstante, atendam os lavradores com plena liberdade ao cultivo dos campos; visto acontecer amiúde que nenhum outro dia é tão adequado à semeadura do grão ou ao plantio da vinha; daí o não se dever deixar passar o tempo favorável concedido pelo céu”

            Este edito dominical faltou orientações cristã, pois se refere ao domingo como o dia do sol. Além disso Constantino não tomara por base o sábado bíblico, porque permite o trabalho no campo. Somente em 386 d.C. os imperadores Teodósio I e Graciano Valentiniano proibiram litigio e pagamento de dívida pública ou privada no domingo. Os soberanos seguintes tornaram a guarda do domingo ainda mais rígida com o intuito de sabatizar o domingo.
            A mais antiga lei eclesiástica conhecida que rejeita a observância do sábado e o substitui pela guarda do domingo vem do concilio regional de Laudiceia por volta de 364 d.C. em seu Cânon 29 estipulava: “Os cristãos não devem judaizar nem permanecer ociosos no sábado, mas sim trabalhar nesse dia. O dia do senhor (domingo), porém, deve ser por eles especialmente honrado. Se forem, entretanto, encontrados judaizando, serão desligados de Cristo”.
            Entretanto, não passa de concilio regional que não demonstrava o interesse de todos os cristãos e ainda mais se eles tiveram tanto trabalho em decretar isto, então existia uma grande quantidade de cristãos que guardavam o sábado como é descrito na bíblia.
            Porem podemos perceber que este cânone não influencio muito os cristãos da época pois uma compilação do 4 século chamada de constituições Apostólica afirma: “deixem os escravos trabalhar cinco dias; mas no sétimo dia (sábado) e a festa do dia do senhor (domingo); porque no primeiro é o monumento da criação; e o segundo da ressurreição” (7.23)
            Ainda no 4 século Inácio aconselhou: “Que cada um guarde o sábado de uma forma espiritual, que se alegrem na meditação da lei. E depois de observar o sábado, observe cada amigo de Cristo o dia do senhor como uma festa, o dia da ressurreição, a rainha e a cabeça de todos os dias.”
            Logo podemos concluir que no quarto século existiam cristãos que guardavam tanto o sábado como também o domingo e que a guardadores do sábado eram muito numerosos e por alguns eles eram considerados como judaizantes que possivelmente eram tratados desta forma devido ao espirito antijudaico que alguns cristãos dos primeiros séculos possuíam.
            No 5 século João Cassiano (360-435) escreveu que existiam cultos tanto no sábado quanto no domingo e que conhecia um monge que não jejuava nestes dias (instituições 5.26; 3.2; conferencias 3.1)
            Outro pai da igreja que se mostrou favorável foi Asterio de Amasea, por volta de 400 ele escreveu que era sublime para os cristãos que “ambos os dias ocorressem juntos” –“o sábado e o dia do Senhor” – reunindo o povo a cada semana com sacerdotes como seus instrutores (homilia, 5, sobre Mateus 19:3)
            Agostinho (354-430), bispo de hipona, no norte da África tratou da controvérsia do jejum no sábado em várias cartas (epistolas, 36 [a Casulano], 54 [ Januarrio], e 82 [ a jerônimo]). Nas cartas a Casulano e Januario, observou que a grande igreja cristã de Milão não observava o jejum sabático (36.32 e 54.3, repectivamente)
Agostinho deixou claro, também, que o jejum no sábado se restringia a Roma e a alguns outros lugares no ocidente (36.27). As igrejas do oriente e a “maior parte da cristandade” não seguiam essa pratica (82.14)
Sócrates Escolasticos (380-440 d.C.) escreveu: “embora praticamente todas as igrejas do mundo celebrem os sagrados mistérios (santa ceia) no sábado, todas as semanas as igrejas cristãs de Alexandria e Roma, por conta de algumas tradições antigas deixaram de faze-lo” (história eclesiástica, 5.22)
Sozomen, contemporâneo de Sócrates, escreveu: “o povo de Constantinopla e praticamente todos os demais lugares se reúne no sábado, bem como no primeiro dia da semana, costume esse nunca observado em Roma ou Alexandria” (historia Eclesiastica, 7.19)
É importante lembrar que estas duas cidades se opuseram a guarda do sábado já no segundo século.
No sexto século várias medidas foram tomadas contra o sábado e a favor do domingo. Em 538 d.C. o terceiro Sinodo de Orleans proibiu Trabalhos rurais no domingo para o povo ter condição de ir para igreja adorar (hefele, 4:209). O segundo Sinodo de Macon, em 585, e o concilio e Narbona, em 589, decretaram outras estipulações ainda mais restritivas acerca da observância do domingo (ibid, 407,422). As leis de Macon também foram pulicadas em 10 de novembro de 585 pelo rei Gutram, sob forma de decreto estipulando uma cuidadosa observância do domingo.” (ibid., 409).
No fim do sexto século o domingo havia tomado o lugar do sábado em quase toda Europa como dia de adoração.
Desta forma podemos compreender que apesar de alguns pais da igreja se opuserem a guarda do sábado outros também era a favor dele e até o final do sexto século os guardadores do sábado eram numerosos e por causa da paganização, espirito antijudaico vários editos e decreto foram feitos para reduzir a importância do sábado e aumentar a do domingo o que resultou inicialmente na guarda dos dois dias e posteriormente a observância quase absoluta da cristandade do domingo no lugar no sábado.

1.3 Mudança de ênfase

 

A igreja católica apostólica romana tradicionalmente reconhecia ter mudado a celebração do sábado para o domingo e virtude de sua autoridade eclesiástico-apostólica. Por exemplo, Tomas de Aquino esclareceu em “Suma Teológica” (1265 – 1273) que, “na nova lei, a observância do domingo substituiu à do sábado, não em virtude da lei, mas em virtude da determinação da igreja e do costume do povo cristão”.
A confissão de augsburgo (1530), um dos mais importantes documentos luteranos, faz alusão às pretensões católicas de autoridade para transferir a santidade do sábado para o domingo. O documento declara:
“ Alegam o sábado, que foi mudado para o domingo, contrariamente ao Decálogo, como parece. Nenhum exemplo é mais enfatizado que a mudança do sábado. Contendem que é grande a autoridade da igreja, pois dispensou de um preceito do Decálogo.”

O Catcismo romano (baseada na vversão de 1566) confirma que “a igreja de Deus, porém, achou conveniente transferir para o domingo a solene celebração do sábado”. De forma semelhante, The convert’s Catechism of Catholic Doctrine (1930) apresenta a mudança do sábado para o domingo nos seguintes termos:

P. Qual é o Terceiro Mandamento?
R. O Terceiro Mandamento é: Lembra-te de Santificar o dia do sábado.
P. Que dia é o sábado?
R. O sábado é o sétimo dia.
P. Por que observamos o domingo em vez do sábado?
R. Observamos o domingo em vez do sábado porque a igreja Católica transferiu-o a solenidade do sábado para o domingo.
P. Por que a igreja católica instituiu o domingo em lugar do sábado?
R. A igreja instituiu o domingo em lugar do sábado porque Cristo ressuscitou dos mortos num domingo, e o Espirito Santo desceu sobre os apóstolos num domingo.
P. Por qual autoridade a igreja instituiu o domingo em lugar do sábado?
R. A Igreja instituiu o domingo em lugar do sábado pela plenitude daquele poder divino que jesus Cristo lhe concedeu.

Recentemente a Igreja Católica Apostólica Romana publica publicou dois documentos oficiais importantes construídos alegoricamente e tipologicamente sobre os textos bíblicos do sábado.
Um dos documentos é o Catecismo da Igreja Católica (1992) que diz:
“Jesus ressuscitou dentre os mortos ‘no primeiro dia da semana’ (Mc 16,2). Enquanto ‘primeiro dia’, o dia da ressurreição de Cristo lrmbra a primeira criação. Enquanto ‘oitavo dia’, que segue o sábado, significa a nova criação inaugurada com a ressurreição de Cristo. Para os cristãos, ele se tornou o primeiro de todos os dias, a primeira de todas as festas,o dia do Senhor (‘Hé kyriaké hemera’, ‘dies Dminica’), o ‘domingo’.
Considerando o domingo “plenitude do sábado’, o mesmo catecismo argumenta:
“O domingo se distingue expressamente do sábado, ao qual sucede cronologicamente, a cada semana, e cja prescrição ritual substitui, para os cristãos. Leva à plenitude, na pascoa de Cristo, a verdade espiritual do sábado judeu e anuncia o repouso eterno do homem em Deus. Pois o culto da lei preparava o ministério de Cristo e o que nele se praticava prefigurava de alguma forma, algum aspecto de Cristo.
A celebração do domingo observa a prescrição moral naturalmente inscrita no coração do homem de ‘prestar a Deus um culto exterior, visível, público e regular sob o signo de seu benefício universal para com os homens’. O culto dominical cumpre o preceito moral da Antiga aliança, cujo ritmo e espirito retoma ao celebrar cada semana o Criador e o redentor de seu povo.”
Outro documento importante é a Carta Apostólica Dies Domini (1998), que chega mesmo a considerar o sábado bíblico como prefigurando o domingo católico. Com base em joão 1:3(“tudo começou a existir por meio dele”) a carta argumenta:

       “O domingo, segundo a experiência cristã, é sobretudo uma festa pascoal, totalmente iluminada pela gloria de Cristo ressuscitado. É a celebração da “nova criação”. [...]
Portanto, já na aurora da criação, o designio de Deus implicava esta ‘missão cósmica” de Cristo. Esta perspectiva cristocêntrica, que se estende sobre todo o arco do tempo, estava sua obra, “abençoou o sétimo dia e santificou-o” 9Gn 2,3). Nascia então – segundo o autor sacerdotal da primeira narração bíblica da criação – o “sábado”, que caracterizava profundamente a primeira Aliança e, de algum modo, preanuncia o dia sagrado da nova e definitiva Aliança. O mesmo tema do “repouso de Deus” (cf. Gn 2,2) e do repouso por Ele oferecia ao povo Êxodo, com o ingresso na terra prometida (cf. Ex 33,14; Dt 2,20; Js 21,44; Sl 95[94],11), é relido no Novo Testamento sob uma luz nova, a do “repouso sabático” definitivo (cf. Hb 4,9) onde entrou Cristo com a sua ressurreição e também o povo de Deus é chamado a entrar, perseverando na senda da sua obediência filial (4,3-16 [sic]). É necessário, portanto, reler a grande página da criação e aprofundar a teologia do “sábado”, para chegar à plena compreensão do domingo.”

  Os argumentos usados tanto no catecismo da igreja Católica quanto na Carta Apostólica Dies Domini Para construir uma suposta “teologia bíblica” do domingo são artificiais e incorrem no engano da “falsa analogia”, na qual uma coisa (no caso, o sábado) é usada para provar outra (no caso, o Domingo). Comtal flexibilidade hermenêutica, a Bíblia fica exposta às mais variadas interpretações possíveis. Consequentemente, esse tipo de interpretação é inadequado àqueles que aceitam a Bíblia como sua própria interprete.




 bibliografia:

Bíblia de estudo Andrews
O sábado na bíblia
Tratado de teologia Adventista
http://gilbertotheiss.blogspot.com.br/2012/07/duvida-como-entender-lucas-1616-lei-e.html
http://www.infoescola.com/historia/codigo-de-hamurabi/
A.   H. Strong, Systematic Theology, pág. 408,409

http://novotempo.com/namiradaverdade/o-argumento-fracassado-dos-observadores-do-domingo-%E2%80%93-apocalipse-110-parte-1/