sábado, 25 de julho de 2015

Diretrizes Especificas Para A Interpretação Da Escritura I: Texto e Tradução E Contexto Histórico


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            As diretrizes especificas para a interpretação de passagens bíblicas surgem e se constroem a partir dos princípios apresentados no estudo anterior. Estas diretrizes estão baseadas na bíblia, pois procedem Dela implícita ou explicitamente, no método gramatico-histórico e nos estudos da linguagem

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1 Texto e Tradução


Primeiramente, o interprete da bíblia deve ter aceso a palavra de Deus tanto na língua Original como na língua moderna.

Estudos Textuais


Preservação do texto bíblico: Hoje através de estudos textuais foi comprovado que temos cerca de 99,5% do que estava escrito nos manuscritos originais e estes 0,5% restantes trata-se de textos que não apresentam ameaça a fé. Os manuscritos do antigo testamento apesar de ter uma quantidade muito menor do que os do novo testamento eles foram mais preservados em relação as suas variantes, praticamente não existindo diferenças textuais entre manuscritos com mais de 1000 anos de diferença. Os manuscritos do novo testamento apesar de possuir um número maior de manuscritos existem muitas variantes, mas pela grande quantidade, cerca de 3000, foi possível reconstruir a ponto de quase por completo o texto original. Fazendo assim da bíblia o escrito antigo mais confiável da história.
Necessidade de estudos Textuais: Os estudos textuais possuem aproximadamente 150 anos de diligentes buscas para encontrar o texto original. Está ciência é chamada de crítica textual, que se realizada por pessoas que respeitem a autoridade da bíblia e rejeitam os pressupostos do método crítico-histórico, insistem que a norma final para determinar o texto autentico da Escritura se encontra dentro da própria escritura. As bíblias hebraicas e grega padrão fornecem em seus rodapés as principais variantes textuais.

Traduções e Versões


            A própria escritura dá exemplos de tradução mostrando que não a nada de errado em fazer tradução pelo contrário é algo necessário para o crescimento do evangelho (Ne 8:8; Mt 1:23; Mc 5:41; 15:22,24).

Os desafios da tradução: As principais dificuldades em se traduzir o texto bíblico estão relacionadas com a falta de equivalência entre as palavras das línguas originais e das línguas modernas além disso existe a grande diferença de cultura e tempo em que foram escritos para os tempos modernos. As diferenças entre as línguas que podem reduzir ou ampliar o sentido das palavras além de existirem palavras com mais de um sentido no qual o tradutor poderá manter a forma ou escolher qual sentido ele queira mostrar, no qual o tradutor poderá causar terríveis danos se escolher o sentido incorreto.
           

Tipos de tradução: Existem basicamente três tipos de tradução que são:


Formais: Trazem a equivalência do texto original palavra por palavra, são ótimas para estudos, mas são difíceis de se entender.
Dinâmicas: Trazem a equivalência de significado, desta forma trazem uma linguagem contemporânea, mas a tradução fica sujeitas as ideias do tradutor.
Paráfrases: Trazem interpretações do texto de acordo com o tradutor, ótimas para devocionais, pois são fáceis de se entender, mas a tradução fica sujeitas as ideias do tradutor.
Diante destes tipos de traduções os estudantes das escrituras devem ser cautelosos em relação ao tipo de tradução que está se utilizando. Devem sempre compara a tradução na linguagem de hoje com as formais ou até mesmo com o original para não basear a sua fé em uma tradução equivocada e tendenciosa.

2. Contexto histórico


A fim de compreender as Escrituras, devemos primeiro determinar qual o significado delas em seu ambiente original. Cumpre-nos ver em que situação cada ensino foi ministrado – o pano de fundo histórico; quem disse o que, a quem e sob que circunstância. Quando compreendemos essas coisas, será mais fácil aplicar a mensagem bíblica as situações atuais.

A bíblia como história confiável


            Todas as pessoas e instituição que aparecem no AT e NT são apresentadas como parte integrante de um fato histórico. Os profetas, Jesus e os outros escritores bíblicos tratam o relato do gênesis como um fato histórico (Mt 19:4,5; 24:37 -39; Mc 10:6; Lc 3:38; 17:26,27; Rm 5:12; I Co 6:16; II Co 11:3). Os Escritores bíblicos posteriores também se referem ao tempo dos patriarcas, ao Êxodo e a outros acontecimentos da história do AT e do NT, interpretando-os como descrições confiáveis das verdadeiras inter-relações no espaço-tempo entre Deus e seu povo.
            Os argumentos dos escritores do NT admitem a veracidade histórica das pessoas, acontecimentos e instituições que foram tipos dessas realidades históricas (ICo 10:1-11; IPe 3:18-22).
            Do mesmo modo, uma hermenêutica baseada na bíblia aceita literalmente a criação em 6 dias literais e consecutivos de 24h, um diluvio universal, as narrativas dos patriarcas, o êxodo no século 15 a.C. a conquista de Canaã e outros eventos miraculosos e sobrenaturais.

Questões de Introdução


            Na hermenêutica dos escritores bíblicos a atenção se dirige para diversas questões “introdutórias” (data, autoria e situação vital dos livros), as quais se tornam por vezes extremamente importantes para o argumento do escritor inspirado.
            A Hermenêutica que utiliza a bíblia como sua própria interprete aceita que o pentateuco foi escrito por Moises e que Isaias e Daniel como autores dos seus livros, Salomão como autor da maioria dos proverbio, Davi dos salmos que lhe são atribuídos, etc.
            É claro que existem livros na bíblia que não indicam quem foi seu autor ou em qual ano foi escrito, para interpretação deste devemos nos basear na bíblia e examina-las à luz das evidencias extrabíblicas disponíveis.

            Contexto histórico


            Obter-se o Contexto histórico de qualquer passagem pelos dados apresentados pela escritura e o esclarecimento provido pelas fontes Extrabíblicas e como também está familiarizado com cada acontecimento é extremamente importante para revelar o ambiente histórico das escrituras. Esse conhecimento é vital para entendermos certos acontecimentos como, por exemplo, os documentos cuneiformes babilônicos que mostram o porquê que o “rei” Belsazar só poderia oferecer a Daniel o terceiro lugar no reino, pois o seu pai Nabonido ainda era o legitimo rei da babilônia. O estudo das facções judaicas, por exemplo, ajuda a esclarecer as disputas entre Jesus e os fariseus.

Aparente discrepâncias com descobertas da história Secular


            Durante séculos, eruditos bíblicos têm questionado a exatidão e veracidade dos numerosos detalhes históricos do registro bíblico, tais como a existência de Dario, mencionado em Daniel e a conquista de Canaã. Tais discrepâncias são resolvidas por estudos mais profundos sobre o assunto. Como a análise de registros medo-persa que possuía o nome de Dario e estudos nas ruinas de Jericó comprovaram que a cidade foi destruída conforme o texto bíblico.

Aparentes Discrepâncias Entre Relatos Bíblicos paralelos


            No Material histórico da escritura, especialmente nos livros de Samuel/Reis e Crônicas no AT e nos Evangelhos no NT, relatos paralelos apresentam as diversas diferenças em detalhes ou ênfases (por exemplo, Mt 21:33-44, Mc 12:1-11 e Lc 20:9-18). Diversos princípios nos ajudam a resolver essas aparentes discrepâncias.
            Reconhecer os diferentes propósitos dos diferentes escritores. Os quatro evangelhos foram escritos com objetivos e planos gerais ligeiramente diferentes. Mateus muitas vezes arranja o seu material em ordem temática, e não cronológica. Marcos apresenta um relato quase ofegante das atividades de Jesus. Lucas parece estar apresentado Jesus aos gentios. E o evangelho de João é singular, escrito conforme ele mesmo admite, para promover a fé.
            Reconhecer que cada escritor pode estar fazendo um relato parcial do incidente, que deve combinar-se com outros relatos para formar um relato total. Os relatos paralelos da compra feita por Davi da eira sobre o monte Moriá (II Sm 24:24, ICr 21:25) apresentam valores e nomes de proprietários diferentes. Isto não significa que elas se contradizem. Os 50 ciclos de prata foram pagos pelos dois bois e a carroça de madeira ao passo que 600 ciclos foi pago por todo o terreno. Araúna e Ornã são alternativas ortográfica para o mesmo nome. Outros exemplos são o do Jovem rico (Mt 19:16-30; Mc 10:17-31; Lc 18:18-30), do cego em Jericó (Mt 20:29-34; Mc 10:46-52; Lc 18:35-43) e da ressureição de Jesus (Mt 28:1-15; Mc 16:1-8; Lc 24:1-11; Jo 20:1-10).
            Reconhecer que a confiabilidade histórica não exige que os diferentes relatos sejam idênticos.  O fato de os escritores dos evangelhos terem usado linguagem diferente é evidencia de que foram independentes em sua autenticidade e integridade. Mateus cita as duas primeiras orações de Jesus no Jardim do Getsêmani, que continha o mesmo pensamento, mas palavras ligeiramente diferentes e depois em Mateus 26:44 registra que Jesus “foi orar pela terceira vez, repetindo as palavras”.
            Reconhecer que as convenções historiográficas aceitas nos primeiros séculos eram diferentes das de hoje. Emprega-se muitas vezes uma linguagem “fenomenológica” ou “observacional”, ilustrada por termos da língua comum, tais como “o pôr do sol”, “os quatro cantos da terra” ou “as extremidades da terra”, sem que isso implicasse uma cosmologia geocêntrica ou uma terra plana. Usavam-se com frequência aproximações numéricas, tais como o número de mortos no monte Sinai (I Co 10:8; Nm 25:1:9). Não devemos esperar mais elevados níveis de precisão das mensurações feitas em tempos bíblicos.
            Reconhecer que alguns milagres e ditos similares de Jesus registrados nos evangelhos sinóticos podem ter ocorrido em momentos diferentes. O ministério de três anos e meio de Jesus envolveu, sem dúvida, repetição de ensinamentos e milagres. Um exemplo é a multiplicação dos pães e dos peixes para alimentar 5 mil pessoas e mais 4 mil depois. Seria tentador afirmar que se trata de relatos divergentes do mesmo acontecimento, caso o próprio Jesus não tivesse se referido a eles como dois episódios distintos (Mt 16:9, 10)
            Reconhecer que nas escrituras existem alguns pequenos erros de transcrição. Isso se evidencia principalmente na transcrição de números nos relatos paralelos de Samuel/Reis e Crônicas. O estudo Textual pode ajudar na determinação da melhor leitura.
            Admitir que, por vezes, pode ser necessário não fazer pronunciamento sobre algumas aparentes discrepância, até que mais informações estejam disponíveis. Um exemplo são os dados cronológicos a respeito dos reis de Israel e Judá no livros de Reis e Crônicas. Pareciam confusos até que a tese doutoral de Edwin Thiele, publicada como The Mysterious Numbers of the Hebrew Kings (1951; revisada 1983), mostrou como a aplicação de quatro princípios básicos de cálculo cronológico sincroniza completamente números bíblicos com os dados Extrabíblicos.

Conclusão:



            As diretrizes para interpretação surgem de princípios fundamentais, elas servem para guiar o interprete no entendimento das escrituras sendo que elas mesmas se mostram nas escrituras de forma implícita ou explicita. Das várias diretrizes este estudo abordou “Texto e Tradução” no qual mostrou que o texto bíblico foi muito bem preservado, principalmente quando comparado com outros escritos contemporâneos; a necessidade de estudos textuais para obter a correta interpretação de determinados textos e os desafios das traduções quanto os vários tipos de tradução e como podemos usa-las na interpretação. Também foi visto “Contexto Histórico” que mostrou que a bíblia é uma fonte histórica confiável; a importância de conhecer a introdução dos textos; o contexto histórico no qual foram escritos o texto e a forma de interpretar os textos com aparentes contradições com a história e com outros textos paralelos. Tendo em vista estas diretrizes o interprete da bíblia poderá alcançar a verdadeira interpretação bíblica, mas deverá respeitar os outros princípios que serão apresentados no próximo estudo.

Referencias:

Tratado de Teologia Adventista

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