O sábado é um dia de descanso dado
pelo próprio Deus a humanidade ainda na criação (Gn 2:3), mas será que sua
guarda é válida ainda hoje? Ou será que cristo aboliu a sua guarda na cruz? A
resposta a estas perguntas teremos neste estudo.
A hermenêutica e o sábado
A guarda do
dia de sábado tem sido muito debatida no meio cristão, alguns afirmam que o sábado
foi trocado pelo domingo através da ressurreição de Cristo, outros dizem que
estamos na nova aliança e o tempo da lei já passou estando todos nós agora no
tempo da graça, enquanto outros afirmam que a guarda do sábado é um princípio
eterno estando em vigor nos dias atuais. Todas estas teorias são justificadas
utilizando muitas vezes o mesmo texto como é o caso de Mt 5:17 que diz: “Não penseis que vim revogar a lei ou os profetas; não vim revogar, mas cumprir”. Alguns dizem
que como Cristo cumpriu a lei não estamos mais obrigados a cumprir a lei,
outros dizem que como Cristo cumpriu a lei devemos hoje também cumprir, pois
ele não a aboliu.
A grande
questão nestas teorias está no método de interpretação do texto bíblico que
afeta diretamente o sentido do texto. Os modelos de interpretação
(hermenêutica) mais utilizados são: dispensacionalismo, alegórico,
critico-histórico e gramatico-histórico.
Dispensacionalismo: Este método
divide a bíblia em várias fases que são as “formas” como Deus se relaciona com
a humanidade através da história. Para este tipo de hermenêutica o tempo da Lei
já passou e estamos agora no tempo da Graça, portanto não somos mais obrigados
a guardar a lei a não ser o que estiver expressamente apresentado no Novo
Testamento.
Alegórico: O método
alegórico defende que os textos bíblicos referentes a guarda do sábado, por
ocasião da ressurreição de Cristo, devem ser relidos alegoricamente de modo que
eles agora passam a comprovar a guarda do domingo.
Crítico-histórico:
Este
método reduz o texto bíblico como
mero produto do meio, neste caso a guarda do sábado não passa de um antigo
costume babilônico ou canaanita que foi incorporado as crenças hebraicas não
sendo mais pertinente para os cristãos modernos.
Gramatico-histórico:
O
método gramatico-histórico baseia-se na bíblia como sua própria interprete e
utiliza os estudos da “critica Textual” e da história para definir a correta
interpretação do texto. Neste método o sábado ainda vigora para os dias de
hoje, pois não há nada na bíblia que prove que ele foi abolido após a
ressureição de Cristo.
Diante
destes métodos utilizados nos vem uma pergunta: qual deles devemos utilizar? Este
estudo tem como objetivo mostrar a bíblia como ela é e deixar que ela mesma se
explique, cabendo ao leitor no final deste estudo escolher qual destes métodos
ele irá utilizar.
As alianças
Existem muitas discussões em
ralação a guarda ou não do sábado com base na nova aliança, mas o qual é a nova
aliança? E qual é a velha? Qual a importância dela para a salvação? Vamos fazer
uma pequena abordagem sobre esse tema agora.
O termo “aliança” é utilizado como
tipo de acordo de Deus para com seu povo. O termo é tão forte que dividiu a
bíblia em Antigo Testamento (antiga aliança) e Novo Testamento (nova aliança).
Deus fez várias alianças, que
compõem uma única aliança básica de salvação, com o seu povo que foram feitas
com o intuito de reafirmar o proposito salvador dEle, reafirmando-a de diversas
maneiras a fim de atender as necessidades do seu povo em diferentes épocas e
ambientes. Cada forma de aliança desempenha sua parte no proposito unitário da
salvação.
Entre as várias formas de alianças
que Deus fez com o seu povo estão:
Adâmica: Designa a promessa
de Deus em Gênesis 3:15, chamada de protoevangelho (primeiro anuncio do evangelho),
segundo o qual Cristo, o Descendente, venceria o maligno (Rm 16:20).
Noética: Onde Deus promete
preservar a vida das criaturas da Terra (Gn 6:18-20; 9:9-11).
Abraâmica: A aliança no qual Deus promete que Abraão seria pai de
uma grande nação e toda a terra de Canaã seria de seus descendentes, esta
aliança tem como sinal a circuncisão (Gn12:1-3; 15:1-5; 17: 1-14; Gl 3:6-9,
15-18; Gn 17:11)
Sinaítica: Celebrada no contexto da redenção do cativeiro egípcio
(Ex 19:4; 20:2; Dt 1-3), continha as providencias sacrificais divinas para a
expiação e o perdão de pecado.
Davidíca: Nesta aliança Deus promete que Davi seria príncipe e rei
sobre Israel (Ez 37: 24-27, IISm 7:22; Jr 30:9; Ez 37:24,25)
Sendo todas elas consideradas
eternas (Gn 9:16; 17:7,13,19; ICr 16:17; Sl 105:10), pois fazem parte da grande
aliança de Deus para salvação do seu povo. Tendo em vista todas estas alianças,
podermos ver agora o ponto chave das discussões em relação a guarda do sábado
que é a antiga e nova aliança.
Nova aliança: A promessa da nova aliança ocorre pela primeira vez
em Jeremias 31:31-33. Ela está inserida no contexto da volta de Israel do
exilio e das bênçãos que Deus concederia. Assim como a quebra da aliança no
Sinai (v.32) levou Israel para o exílio, a renovação dessa aliança os
preservaria a constituiria sua esperança para o futuro. O conteúdo dessa nova
aliança era a mesma do Sinai. Havia mesmo relacionamento Deus-povo e a mesma
lei (v. 33). A aliança sinaítica não se tornara antiquada nem prescrevera; fora
apenas quebrada. A reconstituição dessa aliança seria estabelecida como
premissa para o perdão dos pecados do povo (v.34) e a garantia de que Deus
colocaria a Sua lei pactual (e a reverencia por ele, Jr 32:40) no coração de
seu povo (Jr 31:33). Em Ezequiel 36: 25-28, a internalização ocorre quando Deus
renova o coração e põe seu Espirito nele com força motivadora para uma nova
obediência.
Em harmonia com a ênfase no perdão
(Jr 31:24) e no Espirito (Ez 36:37), o Novo testamento estende o conceito da
nova aliança para o sangue de Cristo, que traz o perdão de pecados (Mt 26:28;
Lc 22:20; Ico 11:25; Hb 9:15; 12:24); e para o ministério do espirito, que traz
vida.
Antiga aliança: O conceito de uma “antiga aliança” é explicitamente
referido somente em II Coríntios 3:14, embora esteja implícito no uso que Paulo
faz de “duas alianças em Gálatas 4:24.
As afirmações de Paulo sobre as
alianças em II Coríntios e Gálatas só pode ser devidamente compreendida em
função da polemica que ele desencadeou contra os oponentes judaizantes, que,
segundo ele estavam dando mais importância à lei do que a Cristo. Dentro desse
contexto polemico, a antiga aliança mencionada em II Coríntios 3:14 representa
o código mosaico no Sinai (v.15) que, quando lido é lido não cristologicamente,
não passa de mera letra.
Quanto a Gálatas, é evidente a
ênfase na observância à lei nunca deve ser dissociada da primazia de um
relacionamento de fé com Deus. Quando isso ocorre, a lei não alcança seu
objetivo de levar à vida (conforme se compreendia orginalmente Dt 6:24;
Rm7:10). Ao contrario leva a condenação (Gl 3:10; Dt 27:26).
A aliança superior: A razão de uma segunda ou superior aliança para
os hebreus é que Deus considerou a antiga aliança como uma defeituosas
promessas do povo no Sinai, pois eles falharam em sua execução (Hb 8:8,9).
Havia necessidade de promessa superior (v. 60), E Hebreus explica essa promessa
em termos das novas promessas pactuais de Jeremias 31:33, em que Deus reafirma
a aliança do Sinai e promete capacitar os crentes a guardá-la.
Desta forma podemos perceber que a
antiga aliança não foi invalidada por Deus, mas quebrada pelos judeus que
“forçou” a Deus a refazer a aliança que seria a nova aliança, no qual Deus
reafirmou a antiga aliança e não mais escreveria sua lei em pedra, mas no
coração do seu povo. Sendo assim a nova aliança não anula a lei no novo
testamento, ela reafirma-a através do sangue do cordeiro que é Jesus Cristo.
Referencias
Tratado de teologia adventista
O sábado na bíblia
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