segunda-feira, 31 de agosto de 2015

O sábado parte 1: a hermenêutica e o sábado



O sábado é um dia de descanso dado pelo próprio Deus a humanidade ainda na criação (Gn 2:3), mas será que sua guarda é válida ainda hoje? Ou será que cristo aboliu a sua guarda na cruz? A resposta a estas perguntas teremos neste estudo.

A hermenêutica e o sábado

 

            A guarda do dia de sábado tem sido muito debatida no meio cristão, alguns afirmam que o sábado foi trocado pelo domingo através da ressurreição de Cristo, outros dizem que estamos na nova aliança e o tempo da lei já passou estando todos nós agora no tempo da graça, enquanto outros afirmam que a guarda do sábado é um princípio eterno estando em vigor nos dias atuais. Todas estas teorias são justificadas utilizando muitas vezes o mesmo texto como é o caso de Mt 5:17 que diz: “Não penseis que vim revogar a lei ou os profetas; não vim revogar, mas cumprir”. Alguns dizem que como Cristo cumpriu a lei não estamos mais obrigados a cumprir a lei, outros dizem que como Cristo cumpriu a lei devemos hoje também cumprir, pois ele não a aboliu.
            A grande questão nestas teorias está no método de interpretação do texto bíblico que afeta diretamente o sentido do texto. Os modelos de interpretação (hermenêutica) mais utilizados são: dispensacionalismo, alegórico, critico-histórico e gramatico-histórico.

Dispensacionalismo: Este método divide a bíblia em várias fases que são as “formas” como Deus se relaciona com a humanidade através da história. Para este tipo de hermenêutica o tempo da Lei já passou e estamos agora no tempo da Graça, portanto não somos mais obrigados a guardar a lei a não ser o que estiver expressamente apresentado no Novo Testamento.
Alegórico: O método alegórico defende que os textos bíblicos referentes a guarda do sábado, por ocasião da ressurreição de Cristo, devem ser relidos alegoricamente de modo que eles agora passam a comprovar a guarda do domingo.
Crítico-histórico: Este método reduz o texto bíblico como mero produto do meio, neste caso a guarda do sábado não passa de um antigo costume babilônico ou canaanita que foi incorporado as crenças hebraicas não sendo mais pertinente para os cristãos modernos.
Gramatico-histórico: O método gramatico-histórico baseia-se na bíblia como sua própria interprete e utiliza os estudos da “critica Textual” e da história para definir a correta interpretação do texto. Neste método o sábado ainda vigora para os dias de hoje, pois não há nada na bíblia que prove que ele foi abolido após a ressureição de Cristo.
            Diante destes métodos utilizados nos vem uma pergunta: qual deles devemos utilizar? Este estudo tem como objetivo mostrar a bíblia como ela é e deixar que ela mesma se explique, cabendo ao leitor no final deste estudo escolher qual destes métodos ele irá utilizar.

As alianças


Existem muitas discussões em ralação a guarda ou não do sábado com base na nova aliança, mas o qual é a nova aliança? E qual é a velha? Qual a importância dela para a salvação? Vamos fazer uma pequena abordagem sobre esse tema agora.
O termo “aliança” é utilizado como tipo de acordo de Deus para com seu povo. O termo é tão forte que dividiu a bíblia em Antigo Testamento (antiga aliança) e Novo Testamento (nova aliança).
Deus fez várias alianças, que compõem uma única aliança básica de salvação, com o seu povo que foram feitas com o intuito de reafirmar o proposito salvador dEle, reafirmando-a de diversas maneiras a fim de atender as necessidades do seu povo em diferentes épocas e ambientes. Cada forma de aliança desempenha sua parte no proposito unitário da salvação.
Entre as várias formas de alianças que Deus fez com o seu povo estão:
Adâmica:  Designa a promessa de Deus em Gênesis 3:15, chamada de protoevangelho (primeiro anuncio do evangelho), segundo o qual Cristo, o Descendente, venceria o maligno (Rm 16:20).
Noética: Onde Deus promete preservar a vida das criaturas da Terra (Gn 6:18-20; 9:9-11).
Abraâmica: A aliança no qual Deus promete que Abraão seria pai de uma grande nação e toda a terra de Canaã seria de seus descendentes, esta aliança tem como sinal a circuncisão (Gn12:1-3; 15:1-5; 17: 1-14; Gl 3:6-9, 15-18; Gn 17:11)
Sinaítica: Celebrada no contexto da redenção do cativeiro egípcio (Ex 19:4; 20:2; Dt 1-3), continha as providencias sacrificais divinas para a expiação e o perdão de pecado.
Davidíca: Nesta aliança Deus promete que Davi seria príncipe e rei sobre Israel (Ez 37: 24-27, IISm 7:22; Jr 30:9; Ez 37:24,25)
Sendo todas elas consideradas eternas (Gn 9:16; 17:7,13,19; ICr 16:17; Sl 105:10), pois fazem parte da grande aliança de Deus para salvação do seu povo. Tendo em vista todas estas alianças, podermos ver agora o ponto chave das discussões em relação a guarda do sábado que é a antiga e nova aliança.
Nova aliança: A promessa da nova aliança ocorre pela primeira vez em Jeremias 31:31-33. Ela está inserida no contexto da volta de Israel do exilio e das bênçãos que Deus concederia. Assim como a quebra da aliança no Sinai (v.32) levou Israel para o exílio, a renovação dessa aliança os preservaria a constituiria sua esperança para o futuro. O conteúdo dessa nova aliança era a mesma do Sinai. Havia mesmo relacionamento Deus-povo e a mesma lei (v. 33). A aliança sinaítica não se tornara antiquada nem prescrevera; fora apenas quebrada. A reconstituição dessa aliança seria estabelecida como premissa para o perdão dos pecados do povo (v.34) e a garantia de que Deus colocaria a Sua lei pactual (e a reverencia por ele, Jr 32:40) no coração de seu povo (Jr 31:33). Em Ezequiel 36: 25-28, a internalização ocorre quando Deus renova o coração e põe seu Espirito nele com força motivadora para uma nova obediência.
Em harmonia com a ênfase no perdão (Jr 31:24) e no Espirito (Ez 36:37), o Novo testamento estende o conceito da nova aliança para o sangue de Cristo, que traz o perdão de pecados (Mt 26:28; Lc 22:20; Ico 11:25; Hb 9:15; 12:24); e para o ministério do espirito, que traz vida.
Antiga aliança: O conceito de uma “antiga aliança” é explicitamente referido somente em II Coríntios 3:14, embora esteja implícito no uso que Paulo faz de “duas alianças em Gálatas 4:24.
As afirmações de Paulo sobre as alianças em II Coríntios e Gálatas só pode ser devidamente compreendida em função da polemica que ele desencadeou contra os oponentes judaizantes, que, segundo ele estavam dando mais importância à lei do que a Cristo. Dentro desse contexto polemico, a antiga aliança mencionada em II Coríntios 3:14 representa o código mosaico no Sinai (v.15) que, quando lido é lido não cristologicamente, não passa de mera letra.
Quanto a Gálatas, é evidente a ênfase na observância à lei nunca deve ser dissociada da primazia de um relacionamento de fé com Deus. Quando isso ocorre, a lei não alcança seu objetivo de levar à vida (conforme se compreendia orginalmente Dt 6:24; Rm7:10). Ao contrario leva a condenação (Gl 3:10; Dt 27:26).

A aliança superior: A razão de uma segunda ou superior aliança para os hebreus é que Deus considerou a antiga aliança como uma defeituosas promessas do povo no Sinai, pois eles falharam em sua execução (Hb 8:8,9). Havia necessidade de promessa superior (v. 60), E Hebreus explica essa promessa em termos das novas promessas pactuais de Jeremias 31:33, em que Deus reafirma a aliança do Sinai e promete capacitar os crentes a guardá-la.

Desta forma podemos perceber que a antiga aliança não foi invalidada por Deus, mas quebrada pelos judeus que “forçou” a Deus a refazer a aliança que seria a nova aliança, no qual Deus reafirmou a antiga aliança e não mais escreveria sua lei em pedra, mas no coração do seu povo. Sendo assim a nova aliança não anula a lei no novo testamento, ela reafirma-a através do sangue do cordeiro que é Jesus Cristo.

Referencias

Tratado de teologia adventista
O sábado na bíblia 


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