domingo, 13 de setembro de 2015

O sábado Parte 2: A Lei



          A Lei


  A nova aliança foi firmada por Jesus na cruz onde Ele gravou nos nossos corações a lei de Deus, mas que lei é essa? Para que serve a lei? Qual o seu objetivo? Quem fez a lei? E para qual propósito ela foi criada? Tudo isso veremos nesta parte do estudo.

O legislador e o caráter da lei

            Para que possamos compreender a “Lei” devemos primeiro conhecer o seu legislador, a pessoa por traz da criação da lei, pois as leis expressão o caráter do seu legislador sendo assim uma pessoa boa cria leis boas enquanto uma pessoa cruel cria leis cruéis. Estando ciente disto devemos nos fazer uma pergunta quem criou as leis?
            A humanidade sempre procurou manter a ordem criando leis. As leis são fundamentais para a existência do ser humano, se elas são existissem o ser humano não mais existiria, pois a lei põem limites mínimos necessários para a vida em sociedade. A lei mais antiga que se tem notícia é a lei de Talião encontrada no código de Hamurabi criada na Babilônia antiga aproximadamente no ano de 1772 a.C. sendo ela conhecida pela frase: “olho por olho e dente por dente”. Apesar de que nos dias atuais estas leis podem parecer extremas e até absurdas ela foi um grande avanço para a sociedade, pois trouxe uma punição adequada para os crimes sendo antes de sua “promulgação” um completo caos onde qual quer crime tinha a pena de morte, com esta lei cada crime começou a ser tratado diferenciadamente de acordo com a gravidade do crime.
            Contudo as leis expressas na bíblia não foram criadas por homens, mas por Deus sendo os Dez mandamentos escritos pelo próprio dedo dEle (Ex. 32:15-16). Deus é o legislador e somente ele pode dizer qual lei começa a vigorar e qual é revogada. Jesus quando afirmou que antes de Abraão nascer “EU SOU” (João 8:58) ele mostrou que ele era a mesma pessoa que deu a Moises a lei, pois pela a sarça ardente Deus se revela como “EU SOU O QUE SOU” (Ex 3:14). Desta forma Cristo é o Yahweh do Antigo Testamento, Ele é o legislador e ele tem autoridade para mostrar qual lei foi abolida ou vigora e como guarda-las e ele fala que quem o ama guarda os seus mandamentos (Jo 14:15).
            Como dito anteriormente, as leis trazem o caráter do seu legislador, sendo a assim a lei de Deus expressa o seu caráter. O apostolo Paulo afirma que a lei é Santa, Justa e boa (Rm 7:14) possuindo assim o caráter de Deus, pois Ele é santo (I Pe 1:16; Lv 11: 44; 19:2; 20:7), é Justo (Salmos 7:11; 94: 15; 140:12,13) e é bom (Salmos 34:8; I Pe 2:3).




Tipos de leis

             Do ponto de vista bíblico, lei aponta muitas vezes para a Torah, ou Livro da lei, o pentateuco possuindo estes de acordo com os rabinos 613 mandamentos, mas a lei não está apenas no pentateuco sendo ela parte integrante da palavra de Deus do Genesis ao apocalipse.
            O abundante material relativo a lei existente na bíblia abrange todos os aspectos da vida: saúde, dieta, sexualidade, trabalho, etc. podendo estas leis serem divididas em leis de aplicação universal e não universal.
a.                  Leis não universais. As leis não universais são leis que foram dadas ao povo de Israel para serem obedecidas apenas por eles como, por exemplo, as leis cerimoniais e civis.
b.                 Leis universais. O interesse de Deus pelos seres humanos é manifestado nas leis dadas, aplicáveis e validas para todas as pessoas, tempo e situação. Exemplo dessas Leis universais são as leis de saúde e dieta, as leis de sexo e a lei moral que são os dez mandamentos.

Os dez mandamentos

            Deduz-se que a lei de Deus existia antes do pecado tendo Lúcifer transgredido o 10º mandamento cobiçando o trono de Deus (Is 14:14), mas podemos também perceber alusões do decálogo antes da lei ser dada a Moises no monte Sinai.
            A primeira tabua da lei que governava o relacionamento entre os seres humanos e Deus aparecem em diversos relatos. O primeiro e o segundo mandamento pode ser percebido quando Jacó recomendou que lançassem fora os deuses (Gn 35:2,3), o terceiro mandamento quando Abraão faz o seu servo jurar pelo nome de Deus, pois o nome de Deus é muito importante não podendo ele jurar em vão (Gn 24:3), o quarto mandamento no termino da semana da criação, pois Deus abençoou, santificou e descansou no sétimo dia (Gn 2:2,3)
            A segunda tabua que governa as relações humanas também aparece no Genesis. O quinto mandamento que trata de honrar pai e mãe, é referido na conversa com Abraão ante da destruição de Sodoma e Gomorra (Gn 18:19), sexto mandamento, não matarás no relato do assassinato de Abel (Gn 4:8-11), o sétimo mandamento na recusa de José em se deitar com a esposa de Potifar (Gn 39:9), o oitavo mandamento quando os irmãos de José encontraram a prata no saco de mantimento (Gn 44:8), o nono mandamento, que condena o falso testamento e a falsidade, aparece na história que Jacó subtrai a benção de Esaú (Gn 27:12) e o decimo mandamento na história de Abraão e o faraó (Gn 12:13-20) Abraão e Abimeleque (Gn 20: 1-10).
            Vemos que a lei era bem conhecida no princípio da história humana. Embora não se mencione no Genesis nenhum livro escrito da lei, muitos incidentes dão testemunho dos dez mandamentos, de sorte que sua existência e aplicação universal devem ser aceitas. Há também a inequívoca afirmação de que Abraão guardou os mandamentos de Deus (Gn 26:4,5).

A lei Cerimonial

            A lei cerimonial foi instituída após a queda do homem, vemos isso no sacrifício realizado por Caim e Abel (Gn 3:21) e continuou entre os patriarcas, pois Melquisedeque aparece como “Sacerdote do Deus Altíssimo” (Gn 14:18). Ela foi instituída por causa da transgressão do homem da Lei moral, compunha-se de sacrifícios e ofertas – símbolos e tipos – que apontavam para a futura redenção tipificando a oferta perfeita feita por Cristo (Hb 10:1), mas ela era imperfeita sendo apenas sombras da realidade futura, não sendo capaz de purificar os pecados (v.1-4) a única coisa que fazia era prometer que a salvação viria pela oferta e pelo sacrifício do cordeiro de Deus.

O propósito da lei

            Em Romanos 7:5-12 Paulo discute o propósito da lei. A lei não torna ninguém pecador; é o pecado que o faz. A lei traz o conhecimento do pecado e faz o pecador saber que está vivendo em pecado. O problema do pecado não reside na lei, mas no indivíduo. Se não houvesse lei ainda assim o pecado existiria, mas o indivíduo não teria sentimento de culpa. A lei trouxe a culpa; o erro não está na lei, mas no pecador. O que cria o senso de culpa é o pecado; a lei somente o torna conhecido à mente do pecador. Devemos lembrar que o pecado é transgressão da lei (I Jo 3:4), sendo assim a lei serve como um espelho que nos mostra quando estamos errados.


Jesus e a lei

            Jesus passou cerca de três anos e meio no seu ministério na terra no qual seus feitos durante esse tempo está registrado nos evangelhos. Sendo que em nenhum momento Ele sequer deu a entender que na sua morte ou ressurreição a lei deixaria de vigorar. Pelo contrário, Ele mesmo disse que não veio abolir a lei, mas para cumprir (Mt 5:17) e a palavra cumprir no grego é pleró que significa “completar”, “preencher” então cristo não veio abolir a lei ele veio completar, preencher o verdadeiro sentido da lei, também falou que não passará da lei nem sequer um só til ou jota até que tudo se cumpra (Vs 18) e ainda disse que qualquer um que violar um dos mandamentos e assim ensinar aos homens será chamado menor no reino dos céus, porem quem ensina-los seria chamado de grande (Vs 19). Cristo também falou que se o amassemos guaríamos os mandamentos dele (Jo 14:15).
            Jesus resumiu a lei em dois: “amar a Deus sobre todas as coisas” e “ao próximo como assim mesmo” (Mt 22:34-40; Mc 12:28-34; Lc 20:41-44) ele fez isso baseando em Dt 6:5, em que ordena amar a Deus e Lv 19:18, que manda amar o próximo. Jesus não fez isso com intuito de diminuir ou excluir algo da lei, mas para mostrar que não existe diferenças entre os mandamentos, mostrando assim que se guardássemos toda a lei estaríamos amando a Deus sobre todas as coisas e o próximo como assim mesmo.
            Jesus falou que a lei e os profetas duraram até João (Lc 16:16). O que ocorre na verdade é um erro de tradução, no original está escrito: A lei e os profetas até João. Para que possamos entender este texto devemos buscar outro texto que fala sobre o mesmo assunto, ou seja, procurar um texto paralelo, encontramos então Mt 11:13 que diz: Porque todos os Profetas e a Lei profetizaram até João. Com isso podemos perceber que o correto seria profetizaram ao invés de duraram. Desta forma Jesus estava falando que todas as leis e os profetas que falavam da vinda do messias profetizavam até João que foi o último profeta que anunciou a vinda do messias. Podemos perceber também que depois de João Batistas tiveram outros profetas como o foi o caso de João o apostolo e também Paulo em I coríntios 14 fala sobre o dom de profecia por tanto houve profeta depois de João Batista mostrando assim que Cristo não aboliu a lei e nem a função profética.

Passagens problemáticas

            Embora Paulo defenda claramente a lei, em especial os Dez mandamentos, algumas de suas declarações parecem apoiar a ideia de que a lei perdeu a validade depois da crucificação. Três dessas passagens merecem estudo cuidadoso.
1.                      Romanos 10:4. Paulo afirma aqui: “porque o fim da lei é Cristo para justificação de todo aquele que crê.”  A palavra grega utilizada é telos que possui significado básico no novo testamento de “cumprimento”. Apesar de que pode ser traduzida como: objetivo, alvo, fim ou conclusão. Para podermos encontra o verdadeiro sentido que o autor bíblico quis passar devemos levar em consideração duas coisas: 1º O contexto, Paulo falava o quanto os judeus falharam em alcançar a salvação por terem seguido a lei de Moises, mas não de coração e por isso não alcançaram a justiça. Com isso eles não conseguiram enxergar a Cristo como aquele pela qual a lei de Moises com suas cerimonias e rituais apontava (Rm 9:30 - 10:4). 2º outros textos que o mesmo autor utilizou esta palavra, em I Tm 1:5, a palavra telos possui o significado de resultado, finalidade. Portanto, Rm 10:4 aponta Cristo como aquele cujo as leis cerimoniais tinham o objetivo (finalidade) de apontar.
2.                  Efésio 2:14-15, numa descrição apaixonada como Cristo aboliu as barreiras que impediam os pagãos de serem povo de Deus Paulo afirma: “Pois ele é a nossa paz, o qual de ambos fez um e destruiu a barreira, o muro de inimizade, anulando em seu corpo a Lei dos mandamentos expressa em ordenanças. O objetivo dele era criar em si mesmo, dos dois, um novo homem, fazendo a paz.” Os pagãos não deveriam mais permanecer “alienados” sem promessa ou esperança (v. 12). Esta alienação ocorria, pelo fato de que os Judeus queriam que primeiro os pagãos se tornassem judeus para depois se juntarem a comunidade Judaica (At 15:1-29), fazendo com que eles fossem circuncidados (v. 5). Depois  de muitas discursões os líderes da igreja decidiram que circuncisão não era necessária, livrando os gentios dos rituais judaicos (v. 29). Com isso podemos perceber que “a lei dos mandamentos” referem-se as leis e mandamentos que causavam separação entre judeus e gentios que é a lei da circuncisão e dos rituais judaicos.
3.                  Colossenses 2:13 e 14, no capitulo 2 de colossenses, Paulo descreve a maravilha da salvação que Cristo lhe tornou possível. Tendo sido sepultados juntamente com Ele, no batismo, foram igualmente circuncidados em Cristo (v. 11,12). Estavam mortos em suas “transgressões” e na “incircuncisão”, mas Deus os vivificou, perdoou os delitos e cancelou “ o escrito de Dívida, que era contra nós e que constava de ordenanças” fez isso figurativamente “cravando-o na cruz” (v.13,14). Por causa do triunfo de Cristo sobre os poderes do mal, os colossenses estavam livres para desfrutar as bênçãos da salvação. (v. 15) . As palavras chaves no texto é “escrito de dívida” que era um documento escrito de próprio punho se comprometendo a pagar algo. Daí temos duas possíveis interpretações: 1ª o versículo 16 fala sobre cerimonias, então a lei cerimonial foi cravada na cruz. 2ª como a lei cerimonial não era contra nós, mas apenas sombras das coisas futuras (v.17), então a consequência do pecado foi cravada na cruz, pois ele riscou o nosso escrito de dívida que são os nossos pecados escritos no livro da vida, sendo estes, contrarias as suas ordenanças.

Jesus é o legislador e a lei expressa o seu caráter. Ela surgiu antes de ser dada a Moises no Sinai e possui caráter eterno, o seu propósito é nos mostrar o nosso erro lendo os a pedir perdão a Jesus pelos nossos pecados, sendo que ele mesmo nos evangelhos não proferiu sequer uma palavra que revogue a lei que ele mesmo criou e cumpriu e seus apóstolos também não falaram nada contra a lei e os que provavelmente estaria mostrando que Cristo aboliu a lei quando estudados mais afundo não falam do decálogo, mas das leis cerimoniais, rituais judaicos ou do pecado. Desta forma, podemos concluir que a lei de Deus é eterna e válida para os dias de hoje.

referencias


http://gilbertotheiss.blogspot.com.br/2012/07/duvida-como-entender-lucas-1616-lei-e.html
http://www.infoescola.com/historia/codigo-de-hamurabi/

http://bibliaportugues.com/matthew/11-13.htm

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